Autor: Lusa
No púlpito improvisado de frente para o que ainda resta da catedral, o padre começou a cerimónia rezando com a ajuda de um megafone.
Terços e bíblias não se perderam nos escombros do terramoto e esta manhã estão nas mãos dos fiéis que seguem as palavras do padre, sentados nos passeios do jardim, em bancos que trouxeram de casa e até em cima de motos.
Numa cidade suja e caótica destruída pelo terramoto de 12 de Janeiro, que obrigou os haitianos a viverem em tendas na rua, as mulheres foram aparecendo no largo da igreja, cuidadas quase como se nada tivesse acontecido.
Muitas traziam chapéu de palha e vestido domingueiro, mas a falta de água é visível na sujidade das mãos. Entre as crianças não falta quem pareça que vai fazer a primeira comunhão. Rezam pelos familiares que perderam, no jardim, de costas para a igreja.
A catedral mantém apenas parte da fachada, onde, curiosamente, a maioria dos vitrais foi poupada ao abalo.