Açoriano Oriental
BE defende não financiamento por fundos comunitários da incineradora da ilha Terceira
O coordenador do Bloco de Esquerda nos Açores, Paulo Mendes, alertou "incongruências" no processo de construção de uma incineradora na ilha Terceira, defendendo que o projeto não deve ser financiado por fundos comunitários.

Autor: Lusa/AO online

 

"Para haver alguma coerência, este financiamento terá de ser impedido", frisou, alegando que "não faz qualquer sentido" a União Europeia financiar um projeto que não vai conseguir cumprir as metas comunitárias de reciclagem para 2020, de "pelo menos 50% dos resíduos recicláveis".

Paulo Mendes, que divide a liderança do BE/Açores com Lúcia Arruda, falava numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, onde lembrou que a associação Quercus vai apresentar uma queixa na Comissão Europeia contra o projeto.

O Bloco de Esquerda considera que a melhor solução para a ilha Terceira seria o tratamento mecânico e biológico ou a vermicompostagem, admitindo, no entanto, a instalação de uma mini-incineradora, para dar resposta, por exemplo, ao tratamento de carcaças de animais.

"Só com uma tecnologia de triagem mecânica e biológica seria possível assegurar que 60% dos resíduos urbanos seriam reciclados", frisou Paulo Mendes.

O coordenador do BE/Açores criticou a "arrogância intelectual extrema" dos autarcas de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória, acusando-os de se manterem em silêncio sobre esta matéria e de se terem recusado participar num debate promovido pelo partido.

Para os bloquistas, a opção das autarquias da ilha Terceira é mais "política" do que técnica e baseia-se em experiências da Europa central, quando existem exemplos de tratamento mecânico e biológico em território nacional.

Paulo Mendes criticou ainda as alterações que o projeto tem vindo a sofrer, como a capacidade máxima da incineradora, que passou de 66 mil toneladas por ano para 40 mil toneladas.

Também o transporte previsto de lixo das ilhas dos grupos ocidental e central para a Terceira sofreu uma redução, o que, segundo o coordenador regional do BE, poderá estar relacionado com um "alerta" de incerteza sobre a forma como esse transporte será feito da direção regional do Ambiente.

Paulo Mendes salientou, ainda, que não existe um comprador interessado na eletricidade produzida pela incineradora da ilha Terceira, apesar de ter sido dada essa garantia na campanha para as eleições autárquicas.

O coordenador regional do BE alegou que seria possível arrecadar os 300 mil euros anuais previstos com a venda de eletricidade através da venda de plástico à Sociedade Ponto Verde.

O líder bloquista considerou, ainda, que o estudo de impacte ambiental "não contempla qualquer outra alternativa a não ser a incineração" e "é pouco detalhado em relação aos riscos decorrentes das emissões".

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