Autor: Lusa/AO Online
“É uma ilusão pensar que a zona euro pode ser governada ao pormenor com dois encontros anuais dos chefes de governo”, disse o presidente da Comissão Europeia em entrevista publicada hoje no matutino alemão Sueddeutsche Zeitung.
“Já temos um governo económico há muito tempo, a Comissão Europeia, mas a chanceler Angela Merkel e o presidente Sarkozy têm outra opinião, querem um governo para o clube dos 17 países do euro, mas só a Comissão, e nenhuma outra instituição, pode propor legislação europeia”, lembrou Barroso.
O político português sublinhou ainda que “é preciso impedir que se crie um fosso” entre os países da zona euro e os restantes estados da União Europeia, “porque estão ligados pelo mercado interno, e o euro perderia uma importante base”.
Na opinião de Barroso, manter a unidade entre países do euro e outros Estados membros da União “é precisamente o objetivo de uma política económica europeia, cujo representante natural é a Comissão”.
O presidente da Comissão criticou, na mesma entrevista, a forma como alguns países da União assumiram as suas responsabilidades perante a Europa, “de forma negligente, ocultando dados para conseguirem entrar na zona euro”.
Por isso, advertiu “não é possível confiar as regras para uma zona euro estável apenas aos Estados membros porque isso nunca funcionaria”.
Barroso asseverou também que “não se trata de obter mais poderes” para a Comissão Europeia, nem do poder pelo poder.
“Mas a Europa só pode funcionar com as suas instituições, e não contra elas, caso contrário estamos a pôr não só o euro em risco, mas também toda a União”, afirmou o presidente da Comissão.
Durão Barroso aproveitou ainda a entrevista ao Sueddeutsche Zeitung para anunciar que, nas próximas semanas, apresentará aos 27 propostas para uma coordenação mais estreita das políticas económicas.
Além disso, a Comissão “está a estudar opções para um aproveitamento mais eficaz” dos meios do fundo de resgate europeu (EFSF), revelou ainda, sem adiantar mais pormenores.