Açoriano Oriental
Açores insistem na "inconstitucionalidade" de regulamentação da lei da gestão do mar
O secretário regional do Mar dos Açores insistiu esta sexta-feira na "inconstitucionalidade" do diploma regulamentar da Lei de Bases do Ordenamento e Gestão do Espaço Marítimo aprovado em janeiro pelo Conselho de Ministros, apelando ao veto do Presidente da República.
Açores insistem na "inconstitucionalidade" de regulamentação da lei da gestão do mar

Autor: Lusa/AO Online

 

“A região está a aguardar a ver se o Presidente da República não promulga o diploma em questão. Se assim o fizer, pediremos uma fiscalização sucessiva ao Tribunal Constitucional”, afirmou Fausto Brito e Abreu aos jornalistas, acrescentando que está a ser preparada uma análise detalhada.

Em janeiro, o Governo dos Açores admitiu pedir ao Tribunal Constitucional a fiscalização do diploma em causa, relativo à aplicação da Lei de Bases do Ordenamento e Gestão do Espaço Marítimo, caso Cavaco Silva não o faça, por considerar haver “inconstitucionalidades”.

À margem da abertura da segunda edição de um mestrado sobre Ordenamento do Espaço Marítimo, na Universidade dos Açores, em Ponta Delgada, o governante açoriano revelou que irá estar com o primeiro-ministro na segunda-feira, em Lisboa, no âmbito da reunião da comissão interministerial para os assuntos do mar, ocasião em que irá transmitir as preocupações do executivo dos Açores neste domínio.

O diploma em causa desenvolve a lei que estabelece as bases de ordenamento e gestão do espaço marítimo nacional, prevendo o princípio da gestão partilhada entre a administração central e as regiões autónomas no que respeita ao planeamento e licenciamento do espaço marítimo nas áreas adjacentes aos arquipélagos.

“A legislação que foi aprovada em Conselho de Ministros permitiria que o Conselho de Ministros sozinho pudesse reverter decisões tomadas pela Assembleia Legislativa Regional no uso dos seus poderes constitucionais, como, por exemplo, a designação de áreas marinhas protegidas, parque marinho dos Açores ou outras competências nesta matéria”, referiu Fausto Brito e Abreu.

O secretário regional considerou que a motivação do Governo da República neste domínio possa estar relacionada com o caso concreto da exploração dos minérios existentes nos fundos hidrotermais do mar, revelando “uma pulsão centralista um pouco descontrolada e inconstitucional”.

Já em janeiro Fausto Brito e Abreu manifestou que “as competências dos órgãos de Governo próprio da Região Autónoma dos Açores não estão a ser respeitadas”, pelo que o diploma é “inaceitável” por desconsiderar as competências das regiões autónomas conferidas pela Constituição da República Portuguesa e pelo Estatuto Político-administrativo dos Açores.

Na altura, lembrou que desde que a versão inicial desta proposta foi apresentada, os governos regionais dos Açores e da Madeira alertaram para uma série de inconstitucionalidades e ilegalidades, mas a solução final manteve-se “profundamente lesiva” para os interesses das regiões autónomas.

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