Açoriano Oriental
Lotaçor adquire conservas Santa Catarina
O Governo Regional resolveu comprar, por via da sociedade anónima de capitais públicos Lotaçor, a totalidade do capital social das empresas “Stª Catarina – Indústria Conserveira, SA” e “Companha – Sociedade Pesqueira, Lda”, ambas com sede na Calheta de São Jorge.
Lotaçor adquire conservas Santa Catarina

Autor: Paulo Faustino

Nem o Executivo nem o responsável pela empresa, José Leovigildo Azevedo, avançam com um valor para o negócio. O que este último sublinha é que está muito satisfeito pelo facto do gesto do Governo viabilizar a empresa, ao mesmo tempo que permite salvaguardar 112 postos de trabalho.
Uma nota do gabinete de imprensa do Governo Regional (GACS) lembrava ontem que a decisão não constitui propriamente uma novidade, já que foi tomada na sequência de um compromisso assumido pelo chefe do Executivo em Outubro passado, quando na altura já pairava a possibilidade de paralisação das instalações industriais de transformação de peixe.
Dias depois de ter anunciado um pacote de dez medidas para ajudar o sector empresarial açoriano a combater os efeitos da crise internacional, o Governo Regional decidiu agora concretizar o apoio à conserveira jorgense, uma das principais existentes no arquipélago e que nos últimos tempos se vinha confrontando com a falta de matéria-prima (atum) para a laboração.
A tutela diz que a compra da empresa de José Leovigildo Azevedo  é uma medida “excepcional”, mas que se justifica atendendo ao interesse público da viabilização da actividade económica conserveira em São Jorge e a manutenção de 112 postos de trabalho. A aquisição - como refere o GACS - foi precedida de um exaustivo estudo e análise circunstanciada da situação económica e financeira das empresas agora adquiridas, e da avaliação do seu impacto na economia de São Jorge e na estrutura produtiva regional. Na verdade, e de acordo com a mesma fonte, os últimos dois meses foram cruciais para a decisão da compra. Um período durante o qual o Governo avaliou o activo e passivo destas empresas, a sua estrutura de custos e proveitos, bem como os quadros de pessoal e as potencialidades de negócios nos mercados nacionais e internacionais das respectivas actividades. A conclusão foi que seria possível viabilizar económica e financeiramente as empresas em causa, desde que fosse assegurada uma nova capacidade financeira e um novo enquadramento gestor.
Acresce que o risco de encerramento de tais empresas teria graves consequências económicas e sociais em São Jorge e na Região, nomeadamente a redução da capacidade de exportação da economia regional, a concentração quase monopolista deste sector de actividade e o aumento muito significativo do desemprego numa ilha que deve beneficiar de políticas especiais de coesão.
Ao resolver as coisas desta maneira, o Governo Regional diz estar garantida a manutenção de todos os postos de trabalho da empresa de conservas Santa Catarina, bem como a liquidação, no curto prazo, do pagamento de todas as remunerações em dívida aos trabalhadores  e a regularização da sua situação laboral.

Comprar agora e devolver ao mercado depois

A intervenção para salvar a empresa de conservas Santa Catarina não assume um carácter inalterável e permanente. Dito por outras palavras, o Governo Regional tenciona voltar a alienar no mercado a participação pública, tal como, por exemplo, aconteceu no passado em relação à compra e venda da participação da Lotaçor no capital social da Cofaco, SA. O objectivo é criar condições para isso, recuperando as empresas em causa, rentabilizando a sua actividade e assegurando a sua reestruturação económica e financeira.
A operação governamental foi possível porque em São Jorge não existem outros privados a actuar no mesmo ramo de actividade.

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