Açoriano Oriental
Planos de emergência
Autarquias contestam Victor Hugo Forjaz
As autarquias não reagiram bem às críticas formuladas pelo director do Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores, Victor Hugo Forjaz, para quem os planos de emergência para fazer face a erupções vulcânicas estão “arrumados na gaveta”.
Autarquias contestam Victor Hugo Forjaz

Autor: Paulo Faustino
Os municípios de Ponta Delgada, Ribeira Grande e Povoação, na ilha de São Miguel, e o da Horta, na ilha do Faial, em cujos concelhos há vulcões que podem entrar em actividade, informaram o vulcanólogo que se enganou nas suas conclusões. E isto porque, alegam, os seus planos municipais de emergência são periodicamente actualizados e testados no terreno, para combater os efeitos de eventuais sismos ou erupções. Victor Forjaz, recorde-se, admitiu que os municípios açorianos têm planos de emergência feitos de acordo com a lei, mas acusou-os de agirem de uma forma “passiva e miserabilista”, por “só fazerem ensaios sísmicos e não vulcanológicos”, contribuindo assim para que a população não se encontre devidamente informada sobre como agir no dia em que um vulcão entrar novamente em actividade.
No caso do concelho de Ponta Delgada, que é a área de abrangência do vulcão das Sete Cidades, a resposta camarária não se fez esperar: “O Plano Municipal de Emergência não é um plano de gaveta e abrange os procedimentos a ter em conta antes, durante e depois das emergências e agrega todos os aspectos geográficos, sociais e económicos do concelho”. A autarquia chefiada por Berta Cabral clarifica que trabalha em articulação com os bombeiros e forças de segurança na intervenção em cenários de tragédias naturais e as provocadas pelo homem, servindo-se de todos os recursos humanos e técnicos disponíveis. A Câmara Municipal da Ribeira Grande alinhou pelo mesmo diapasão. O seu presidente reconhece que “é muito fácil emitir opiniões sem se saber o que é que as autarquias estão a fazer” nesse domínio. Ricardo Silva começa por lembrar que há um sistema regional que monitoriza e acompanha as situações de risco geológico nos Açores (o SIVISA), as quais, no caso dos vulcões, “não se manifestam de um dia para o outro”, o que significa que as “populações estarão sempre salvaguardadas”. Na Ribeira Grande, onde se situa o Vulcão do Fogo, o autarca não quer sequer ouvir falar em passividade ou inacção: “Fazemos a actualização permanente do plano de emergência, assim como temos trabalhado em cooperação com o Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA), bem como ainda dispomos de dez unidades de protecção civil espalhadas pelas Freguesias”. Acresce a formação dada em matéria de protecção civil, inclusive aquela que será ministrada em breve às populações no respeitante a primeiros socorros. Ricardo Silva recorda que no ano passado foi realizado o exercício “Açor 2007” para testar a resposta perante eventuais catástrofes, envolvendo o SRPCBA, Forças Armadas e poder local. “No concelho existe actividade em que não se aplica o conceito de ‘arrumado na gaveta’”. Já para o presidente da Câmara Municipal da Povoação, Francisco Álvares, o SRPCBA podia fazer mais exercícios em São Miguel, em articulação com o poder local. Mas Álvares não deixa de frisar também que o seu município, onde se insere a área do vulcão das Furnas e o primeiro a ter aprovado um plano de emergência, actualiza permanentemente o documento. E tanto assim é que “o nosso gabinete de protecção civil reúne periodicamente para actualizar o plano. Vamos procurando actualizá-lo, incorporando dados novos”. A Câmara Municipal da Horta, onde existe a Caldeira do Faial, junta-se ao coro de protestos. O gabinete de João Castro fez saber que as críticas do vulcanólogo não se destinam a este município, cujo plano de emergência, “com capacidade de resposta”, foi recentemente testado. “Relativamente a crises vulcânicas, o Plano contempla, no anexo C3, uma preparação específica para reacção a estas situações, descreve as principais vulnerabilidades, prevê a afectação de meios humanos e técnicos, bem como descreve, por Freguesia, as principais características geomorfológicas”, clarifica.
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