Açoriano Oriental
Vinte emissoras nos Açores dão voz aos concelhos e às ilhas
Os Açores têm atualmente em atividade 20 rádios em oito das nove ilhas, fenómeno que resulta das caraterísticas do arquipélago e com importância histórica ao nível da proteção civil, sobrevivendo hoje, a maioria delas, com dificuldades.
Vinte emissoras nos Açores dão voz aos concelhos e às ilhas

Autor: Lusa/AO Online

Com maior ou menor dificuldade funcionam atualmente nos Açores cerca de duas dezenas de rádios, quer as chamadas rádios de dimensão regional, quer sobretudo as conhecidas rádios locais”, adiantou à Lusa o antigo radialista e atual deputado do PSD no parlamento regional José Andrade, acrescentando que “muitas delas têm apenas dimensão concelhia ou de ilha”.

A tradição da rádio nos Açores conta já com cerca de oito décadas, sendo que a primeira emissão telegráfica sem fios realizada no arquipélago aconteceu por volta de 1928 em Ponta Delgada, por iniciativa do comerciante Jacinto Pedro Ribeiro.

José Andrade, autor do livro “Aqui Portugal – os primeiros anos da telefonia nos Açores”, lançado em 2003, recordou que só na ilha de São Miguel funcionaram cerca de 11 postos de radiofusão privados entre o final da década de 20 e de 30 do século passado.

“Por causa de sermos um arquipélago afastado dos grandes centros, com descontinuidade geográfica, dispersos por nove ilhas, localizadas no meio do Atlântico, entre a Europa e a América, os Açores sempre tiveram uma enorme propensão para comunicação social”, argumentou, para explicar o fenómeno, sem esquecer a importância histórica da rádio nas ilhas ao nível de proteção civil.

“Foram as rádios, neste caso a Emissora Regional e, sobretudo, a Rádio Clube de Angra e Rádio Clube Asas do Atlântico, que conseguiram numa primeira fase [durante o sismo de 1980 na Terceira] assumir e exercer a função que a proteção civil naquela altura não fazia de alertas às pessoas. O mesmo aconteceu no vulcão do Faial em 1957”, afirmou.

Em 2013, José Andrade visitou todas as rádios locais dispersas por oito ilhas (a exceção é o Corvo), tendo encontrado “enormes dificuldades”, já que muitas “estão confinadas a um mercado publicitário praticamente inexistente”, mesmo sendo o único órgão de comunicação social da ilha, como acontece com a Rádio Graciosa.

“Não têm, portanto, outras receitas próprias que não sejam os apoios oficiais", disse José Andrade, que acrescentou que que "mesmo assim, muitas delas, tiveram de dispensar colaboradores" nos últimos anos, sublinhando que trabalham diariamente para "unir e promover" o arquipélago.

Dados os constrangimentos e a dimensão destas rádios, “muitas delas” integram associações ou grupos nacionais, "para efeitos de transmissão de conteúdos informativos", além de cooperarem com rádios da diáspora, especialmente dos EUA, acrescentou.

Em plena segunda guerra mundial, a 28 de maio de 1941, o então designado Emissor Regional da Emissora Nacional, que mantém até hoje, agora como Antena 1 Açores, uma dimensão regional, sendo a única rádio a quem está concessionado o serviço público no arquipélago.

Em 1947 surgiram as primeiras emissões do Clube Asas do Atlântico, em Santa Maria, e da Rádio Clube de Angra e da Rádio Lajes, na ilha Terceira, que começaram por ter dimensão regional, mas que acabaram por perder devido à obrigatoriedade de emissão em frequência modelada (AM), que se mantém até aos nossos dias.

Com a legalização das denominadas rádios piratas em Portugal no final dos anos de 1980, José Andrade disse que se “verificou um crescimento do número de rádios locais nos Açores”, algo que se mantém até hoje um pouco por todas as ilhas e concelhos açorianos “com maior ou menor expressão”.

 

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