Autor: Lusa/AO Online
Vasco Cordeiro acentuou, em conferência de imprensa hoje em Ponta Delgada, que esta “é a primeira vez que um orçamento da região é enviado para fiscalização preventiva da constitucionalidade”, o que, na sua leitura, representa “um ato de uma gravidade política extrema que, convém recordar, nunca foi usado relativamente a um Orçamento do Estado”.
O líder do Governo regional disse, que o orçamento da Região Autónoma pretende ajudar as famílias açorianas, ao contrário do que acontece com o Orçamento do Estado.
“Ao contrário do que acontece na República, em que um Orçamento do Estado que sacrifica ainda mais as famílias passa sem qualquer reparo e sem qualquer dúvida, nos Açores, o orçamento que quer ajudar as famílias açorianas é enviado pelo representante da República para fiscalização preventiva do Tribunal Constitucional”, declarou Vasco Cordeiro, numa reação à decisão hoje conhecida de Pedro Catarino.
“A República não pode ter filhos e enteados. E, com este ato, a República, pela mão do seu Representante nos Açores, é madrasta para os açorianos, porque faz aqui aquilo que conscientemente não quer fazer no continente”, declarou o presidente do Governo dos Açores.
O presidente do executivo açoriano recordou também que a remuneração complementar suscita dúvidas ao representante da República uma década depois da sua criação, justamente numa altura em que “mais do nunca é mais necessária a ajuda e o apoio que a mesma garante”.
“Não se pode aceitar como bom este entendimento do princípio da igualdade, que se traduz no nivelamento por baixo. É esta visão política do que deve ser o nosso percurso como povo que também está em causa neste pedido de fiscalização do senhor representante da República”, considerou Vasco Cordeiro.
O presidente do Governo açoriano referiu que esta atitude se torna “mais significativa quanto é um facto não se conhecer um ato, uma declaração, um gesto do mesmo senhor representante da República relativamente ao Orçamento do Estado e à Lei de Finanças das Regiões Autónomas, versão 2013”.
Vasco Cordeiro sublinhou que a nova versão da Lei de Finanças das Regiões Autónomas “aumenta para além daqueles que são já os aumentos dos impostos a nível nacional, especificamente os impostos que incidem sobre os açorianos”.
“É caso para perguntar onde estava o princípio da igualdade nessa altura, é caso para perguntar onde estava o senhor representante da República nessa altura”, declarou.
Vasco Cordeiro considerou que não está em causa o “princípio da solidariedade nacional no atual contexto de emergência financeira”, uma vez que este é cumprido pelo facto de os Açores terem um défice aferido em função do PIB de 0,4% e uma dívida pública de 20% do défice, enquanto a do país é superior a 128 por cento.
“Nesse julgamento, que não é apenas desse artigo da remuneração complementar, mas, pelo que atrás se referiu, acaba por ser um julgamento da nossa autonomia e daquilo que ela significa para o povo açoriano”, frisou Vasco Cordeiro, apelando para a mobilização de todas forças políticas e sociais em defesa dos Açores.
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