Autor: Rui Jorge Cabral
O presidente do conselho de administração do Grupo Finançor, José
Braz, considerou que “a aprendizagem faz-se ao longo de toda a vida” e
que a universidade deveria ter autonomia suficiente para poder ter
cursos com currículos “adaptados às necessidades das empresas”.
Para
José Braz, engenheiro de formação, “se quisermos contribuir para um
futuro melhor no nosso país, deveremos todos mudar a nossa atitude e
aumentar a nossa ambição”, lembrando que “na vida empresarial ninguém
realiza nada sozinho e só o trabalho em equipa permite inovação,
rentabilidade, sustentabilidade e, numa palavra, êxito”.
Sugerindo
que a Universidade dos Açores deveria ter cursos para gestores seniores,
porque “são necessários doutores nas empresas”, mas também são
necessários “gestores a dar aulas nas universidades”, José Braz assumiu
ter como lição de vida uma frase de Gandhi: “quem não vive para servir,
não serve para viver”.
José Manuel Almeida Braz, no seu nome
completo, falava na cerimónia solene de atribuição do título de
Doutor Honoris Causa em Ciências Económicas e Empresariais, subárea da
Gestão, pela Universidade dos Açores, que ontem decorreu na Aula Magna,
no campus de Ponta Delgada, sucedendo nesta distinção a nomes como os de
João Bosco Mota Amaral e Belmiro de Azevedo.
Refira-se que um Doutoramento Honoris Causa atribui-se a alguém que, ao longo da sua vida ativa, tenha evidenciado um elevado mérito académico ou profissional, a que se associa também o mérito do seu desempenho cívico.
Começando
por salientar ser mais um homem do “saber-fazer” do que da “oratória”,
José Braz recordou a sua formação escolar e universitária, sobretudo a
de engenharia no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, “que foi
fundamental para o meu futuro profissional, pois dotou-me de uma série
de conhecimentos suficientemente diversificados e abrangentes, que me
permitiram, com relativa facilidade, exercer uma função para a qual eu
não estaria originalmente destinado”.
Uma formação de “excelência”
que, destacou, permitiu “transformar um engenheiro químico-industrial
num gestor”, com uma vida de empreendedorismo que começou com “o
convívio com o meu sogro, o sr. Dionísio Raposo Leite, um homem que era
muito inteligente, sempre pronto a investir, sem medo e para quem o
insucesso não existia”.
Por seu lado, a história de sucesso
empresarial de José Braz começa em 1970, conforme recordou na Aula Magna
da Universidade dos Açores, “quando depois de terminar o curso, resolvi
visitar a ilha de São Miguel para me poder encontrar com a minha
namorada e colega de curso, Ilda Leite, natural desta bela ilha e aqui
residente”. Portanto, recordou, se foi o amor que o chamou numa primeira
fase a São Miguel, “o que eu não previ nesse momento, foi que também eu
me acabaria por enamorar por esta bela ilha de São Miguel” onde já
passou mais de 50 anos da sua vida.
No final de 1973, o seu sogro
“que foi industrial de laticínios e possuidor de uma exploração
agropecuária resolveu constituir uma empresa familiar e convidou-me
também para integrar essa sociedade”, lembrou José Braz.
Estava
lançada a semente para o que viria a ser hoje um dos maiores poderios
económicos dos Açores, o Grupo Finançor, cuja história, evolução e
principais conquistas empresariais durante as últimas seis décadas, José
Braz recordou durante a sua intervenção.
José Braz destacou igualmente a entrada dos seus filhos, Romão e Bárbara, na administração da Finançor, abrindo o caminho para a sucessão e continuidade do grupo empresarial familiar. No seu discurso referiu ainda o papel de todos os colaboradores da Finançor no título de Doutor Honoris Causa porque, concluiu, “sem eles, eu não poderia estar aqui hoje a receber esta maravilhosa distinção”, realçou com emoção.
José Braz “é um testemunho claro do que é ser empreendedor”
Mário Fortuna falava na
Aula Magna da UAc em Ponta Delgada, onde apadrinhou o Doutoramento
Honoris Causa do empresário José Braz, presidente do Grupo Finançor.
Para
Mário Fortuna, o percurso de José Braz “tem em nosso entender uma
importância significativa para o desenvolvimento dos Açores, dando ele
um contributo importante para o conjunto do país na área económica e
empresarial, constituindo uma referência e justificando que a
Universidade dos Açores lhe atribua o título de Doutor Honoris Causa”.
José Braz nasceu em 1946 e completou em 1970 a licenciatura em Engenharia Químico-Industrial no Instituto Superior Técnico, da Universidade Técnica de Lisboa.
Nesse mesmo ano veio para os Açores, onde se fixou e constituiu família, iniciando o seu percurso empresarial em 1974, aos 28 anos, fundando juntamente com outros sócios várias empresas do ramo agroalimentar, tanto de produção como de transformação e industrialização, que culminaram na constituição do Grupo Finançor.
Ao longo dos anos, o Grupo Finançor tem desenvolvido uma estratégia de fusões e aquisições não só no setor agroindustrial, mas também noutras áreas de diversificação empresarial, nomeadamente para os setores do turismo, da distribuição alimentar e da aquicultura, num grupo hoje com mais de 15 empresas e que desenvolve a sua atividade em seis ilhas dos Açores, na Madeira e no continente português.
Na área política, José Braz foi mandatário de três candidaturas vencedoras a Presidente da República, nomeadamente as de Mário Soares, em 1991 e as de Jorge Sampaio, em 1996 e em 2001.
Foi também membro da Assembleia Municipal
de Ponta Delgada e é cônsul honorário da Bélgica. José Braz foi ainda
presidente do Conselho Geral da Universidade dos Açores entre 2014 e
2017.
Por seu lado, a reitora da Universidade dos Açores, Susana
Mira Leal, que também interveio na cerimónia solene de atribuição do
Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade dos Açores a José Braz,
considerou que “ao reconhecer e premiar personalidades que alcançaram
um reconhecido mérito nas suas áreas de conhecimento e de exercício
profissional, a Universidade dos Açores reafirma também o seu
compromisso com a qualidade académica e a sua contribuição para o avanço
societal”.