“O desafio que deixo ao presidente do Governo e ao Governo [Regional] é que pare para pensar. Pare para pensar. Se não havia dinheiro para fazer barcos há dois anos, na boca do presidente do Governo, como é que há agora?”, questionou Duarte Freitas.

O líder dos sociais-democratas nos Açores, que falava na quarta-feira à noite na Lagoa, na ilha de São Miguel, numa sessão de comemoração dos 40 anos do PSD, lembrou que no início da atual legislatura regional, o presidente do executivo açoriano, Vasco Cordeiro, “disse que, face à crise que havia, não iria gastar dinheiro com novos barcos”.

“Agora que a crise é maior do que no início da legislatura, o presidente do Governo mandou fazer dois barcos”, sublinhou, acrescentando que, “em segundo lugar”, ninguém conhece qualquer "estudo para gastar 80 milhões de euros em barcos”.

Segundo Duarte Freitas, o PSD questionou o Governo Regional em janeiro sobre os estudos que sustentam a decisão de avançar com a construção de dois barcos, sem que tenha obtido resposta até agora.

“É um pouco como fazer a casa a partir do teto. Mandam-se fazer os barcos porque há dinheiro mas não se sabe o que é que se quer fazer com os barcos. Devia-se pensar primeiro no modelo de transporte para depois saber que meios é que se poderia contratar ou adquirir para servir esse modelo”, acusou.

O social-democrata apelou por isso a Vasco Cordeiro que aproveite o facto de a construção dos navios ainda não ter sido adjudicada para “ouvir as pessoas”, incluindo alguns socialistas que já se manifestaram contra esta decisão.

A empresa pública regional Atlanticoline anunciou no início de maio que recebeu três candidaturas de estaleiros europeus (dois espanhóis e um norueguês) para a construção dos dois barcos, cujo concurso tem um valor base de 85 milhões.

A construção não foi ainda adjudicada por, segundo meios de comunicação social regionais, haver falhas nas candidaturas, tendo a empresa pedido a sua reformulação.

“Por isso mesmo, agora que borregou de alguma maneira o concurso, esta adjudicação, pare para pensar antes de gastar 80 milhões de euros”, insistiu Duarte Freitas.

Para o presidente do PSD/Açores, este é um exemplo das “más políticas” que os socialistas têm seguido na governação dos Açores, considerando que se gabam de “fantásticas” execuções dos fundos comunitários e financeiras, mas depois os resultados são “muito fracos”.

Assim, apontou que os Açores têm “escolas fantásticas” mas batem “recordes” no insucesso e abandono escolar, têm hospitais novos e alguns até “maiores do que pelos vistos precisam” mas a qualidade e a proximidade dos serviços de saúde "degradam-se", e ao mesmo tempo que há estradas novas, o desemprego cresceu para os níveis mais altos da história da autonomia.