Autor: Lusa/AO Online
No
requerimento a que a Lusa teve acesso, dirigido ao presidente da
Comissão de Política Geral da Assembleia Legislativa Regional dos
Açores, o grupo parlamentar socialista lembra que “o primeiro
responsável pela Proteção Civil dos Açores não esteve presente, desde a
primeira hora”, no concelho da Povoação, onde desapareceram duas
mulheres, chegando “ao local da tragédia oito dias depois”. Os
socialistas lembram que, a 25 de junho, a ilha de São Miguel “foi
assolada de forma particularmente intensa pelo mau tempo, caracterizado,
desde logo, por elevada precipitação, a qual se fez sentir, de forma
especial, no concelho da Povoação”, onde desapareceram duas mulheres –
uma que foi encontrada morta, outra que nunca apareceu. Assim,
os deputados requereram, “com caráter de muita urgência”, a audição
parlamentar do Secretário Regional da Saúde e do Desporto, como membro
do Governo Regional com a tutela da Proteção Civil, e do presidente do
Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA). “Radiquem
as razões para essa ausência em negligência grosseira e omissão grave,
ou em atitude consciente e orientada”, o PS considera que são “devidas
explicações urgentes, detalhadas e cabais sobre as razões pelas quais,
numa calamidade que ceifou duas vidas humanas, o primeiro responsável
pela Proteção Civil dos Açores não esteve presente, desde a primeira
hora, como era sua obrigação”. De
acordo com o grupo parlamentar, “embora tenha havido um esforço para
sinalizar que o presidente do SRPCBA estava a acompanhar o assunto, só
oito dias depois da tragédia, só uma semana depois, é que o mesmo se
dignou a ir à ilha de São Miguel e, em concreto, à Povoação”. “Esta
situação é demasiado séria e demasiado grave para passar sem
explicações mais detalhadas sobre a ausência do terreno desta tragédia
do primeiro responsável pela Proteção Civil dos Açores”, sustentam os
socialistas. De
acordo com o PS, “se, em qualquer circunstância, requerer essas
explicações presenciais seria sempre um poder de qualquer deputado, a
aprovação recente, por unanimidade, de legislação que reforça a
intervenção da Assembleia Legislativa da região em matéria de Proteção
Civil, torna esse requerimento um imperativo”. “A gravidade desta situação torna esse um imperativo urgente”, sublinham. Relativamente
ao mau tempo que se verificou na ilha de São Miguel, o PS recorda que,
“além de prejuízos materiais de diversa ordem, logo pela manhã do dia 25
foi dado o alerta de que estariam desaparecidas duas pessoas,
funcionárias da Santa Casa da Misericórdia da Povoação e que estavam ao
serviço da mesma instituição no momento em que desapareceram”. “No
decorrer das buscas realizadas, foi localizada, ao final da tarde desse
dia, a viatura em que as duas funcionárias seguiam, a qual se
encontrava no fundo de uma ribeira, capotada, sem qualquer sinal das
suas ocupantes”, observam. As
buscas continuaram nos dias 25, 26, 27 e 28 de junho e, nesse dia, “foi
encontrado e recolhido, a cerca de uma milha da costa da Ribeira
Quente, o corpo sem vida de uma das ocupantes da viatura”. As operações terminariam a 04 de julho, “sem ter sido possível encontrar o corpo da outra ocupante da viatura”. De acordo com o PS, as buscas foram coordenadas no terreno pelo Inspetor Coordenador da Proteção Civil dos Açores, Rúben Couto. Envolveram,
dizem, “o Serviço Regional de Bombeiros e Proteção Civil dos Açores, os
Corpos de Bombeiros da Povoação, da Ribeira Grande, de Ponta Delgada,
de Vila Franca do Campo e do Nordeste”, bem como o Serviço Municipal de
Proteção Civil da Povoação, o Comando Operacional dos Açores, a
Capitania do Porto de Ponta Delgada, a Polícia Marítima, o Instituto de
Socorros a Náufragos e a Associação de Nadadores-Salvadores, a Polícia
de Segurança Pública, além de serviços da administração regional. “No
meio de tudo isto, há algo que assume contornos de verdadeiro escândalo
que é a completa ausência da ilha de São Miguel e do concelho da
Povoação, o mesmo é dizer, a ausência do terreno dessa calamidade, do
primeiro responsável pelo Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros
dos Açores, o seu presidente”, lamentam.