Açoriano Oriental
Pescadores criticam fecho de capturas com poucas horas de antecedência
A cooperativa açoriana Porto de Abrigo lamentou que tenha sido informada do fecho da pesca de algumas espécies pela Direção-Geral dos Recursos Marítimos com "tão poucas horas" de antecedência.
Pescadores criticam fecho de capturas com poucas horas de antecedência

Autor: Lusa/AO online

“No dia 27 de agosto, ao fim da tarde, foram as entidades associativas de diferente natureza informadas de que ‘a partir das zero horas do dia 29 de agosto' as ‘embarcações não podem ter a bordo imperadores e todas as embarcações que possuam capturas para desembarcar têm de efetuar as mesmas até à data indicada’”, refere a cooperativa, em comunicado.

Os pescadores dos Açores consideram que “não é sensato” informar do fecho de uma pescaria com um aviso de "tão poucas horas”, explicando que algumas embarcações estão a exercer a sua atividade em zonas que “podem distar mais de 120 milhas” do porto mais próximo, levando mais de 24 horas, em alguns casos, a percorrer a distância.

A cooperativa esclarece ainda que a informação chegou às associações ao final da tarde de terça-feira, quando já estavam encerradas.

“Esta informação só foi divulgada ontem [quarta-feira] pela manhã. É ainda de referir que as lotas funcionam pela manhã de cada dia. Ora, se a pescaria fecha às 24 horas de hoje e os barcos foram informados hoje pela manhã, nunca poderão chegar a horas aos portos, porque quando a informação foi dada, as lotas já tinham encerrado os seus leilões de pescado”, explica a cooperativa.

“Consideramos que a Direção-Geral dos Recursos Marítimos não pode ter este tipo de atitude para com a região e os pescadores açorianos”, sublinha.

A Porto de Abrigo recorda que já se encontra encerrada a captura de cinco espécies (rabilo, patudo, alfonsim, imperador e abrótea do alto) e que existem “várias espécies” de tubarões de águas profundas “abundantes na região” que os pescadores se encontram “proibidos de pescar”, mesmo como “pesca acessória”.

“Como temos afirmado, e é confirmado pelos próprios responsáveis políticos, a pesca açoriana usa artes seletivas. O mesmo acontece com a restante pesca nacional que captura estas espécies: os atuns pescam-se com arte de salto e vara e as espécies de águas profundas com artes de linhas e anzóis”, refere a cooperativa.

A Porto de Abrigo considera que a administração das pescas nacional “tem sido incapaz” de assumir a defesa da pesca dos Açores e do conjunto da pesca nacional.

“O Governo mostra também incapacidade de defender os interesses da pesca nacional e a sustentabilidade dos recursos ao não demonstrar junto da UE a injustiça destas medidas restritivas a algumas pescarias nos Açores quando, em águas internacionais em redor do arquipélago, pescam sem quaisquer limites as espécies que agora nos proíbem de pescar, com embarcações de arrasto em mar alto”, refere.

A cooperativa de pescadores dos Açores acentua que a pesca de arrasto a grandes profundidades “afeta as espécies” como o alfonsim, tubarões e o ecossistema envolvente.

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