Autor: Rafael Dutra
Os motoristas de transporte público e de carga ameaçam fazer greve, caso as suas reivindicações não sejam cumpridas, após negociações com as entidades patronais.
Em causa estão oaumento salarial ajustado às atuais condições de vida e proporcional ao aumento do salário mínimo e a renovação do concurso público das carreiras, indica o Sindicato dos Profissionais dos Transportes, Turismo e Outros Serviços de São Miguel e Santa Maria (SPTTOSSMSM).
O sindicato irá
entrar em negociações com as entidades patronais brevemente, mas caso as
empresas não tenham a intenção de ceder às reivindicações dos
motoristas de transporte público, de carga e de matérias perigosas, o
presidente do SPTTOSSMSM, Nuno Amaral, informa que vão fazer um
pré-aviso de greve.
Ou seja, se não houver um consenso, “vamos
avançar com um período de três dias de greve consecutivos”, bem como
“dois dias de greve nos primeiros dois dias úteis dos meses seguintes”,
informa.
Em declarações ao Açoriano Oriental, Nuno Amaral, explica que “foi pedido pela parte do sindicato um aumento que chegasse aos 7%”.
Contudo,
o dirigente sindical aponta que as empresas apenas “nos querem dar
aumentos de metade daquilo que o governo tem dado”, referindo ainda que
“a resposta das entidades patronais foi que nos poderíamos dar cerca de
3,5% e um aumento de cerca de dez euros”, no subsídio de alimentação.
Nos últimos anos, devido à redução do aumento salarial em proporção com o aumento do salário mínimo, os motoristas estão neste momento com um vencimento ligeiramente superior ao salário mínimo, o que não satisfaz estes profissionais.
“O que vemos é que com o aumento que as empresas estão a propor vamos ficar acima do vencimento mínimo atribuído pelo governo este ano: 860 euros. Vamos ficar com um acréscimo um pouco acima do que este aumento que o governo está a dar”, realça.
Para Nuno Amaral, este vencimento não é suficiente tendo em consideração o trabalho efetuado pelos motoristas e os próprios horários. “Estamos disponíveis para as empresas cerca de 13 horas por dia, nessas treze fazemos oito. O que dá um total de 40 horas semanais”, afirma, adiantando que os colegas de profissão em Portugal Continental têm o mesmo horário, mas “estão muito mais acima de nós em termos de vencimento”.
O dirigente sindical salienta que todas estas circunstâncias acabam por saturar os motoristas, causando não só um cansaço físico, como também psicológico, o que acaba por culminar, em alguns casos, na necessidade de colocar baixa.
Há também muitas queixas no que toca à renovação e concessão das carreiras dos autocarros, através de concurso público. Deste modo, o sindicato urge o “cuidado”, de quem está responsável por esta questão, para adequar os horários de acordo com o trânsito que há na ilha.
“As carreiras estão feitas há mais de 50 anos. Os horários são sempre os mesmos, o fluxo de trânsito automóvel aumentou, o que faz com que quando andamos na estrada temos, às vezes, de andar um pouco mais depressa”, afirma Nuno Amaral, justificando que “não é seguro para nós”.
Por razões de segurança, Nuno Amaral diz ainda que foi pedido “consciência por parte das empresas”, para atribuir um subsídio de risco aos motoristas que transportam matérias perigosas, que foi recusado.
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