Açoriano Oriental
Manuel Clemente revela comemorações dos 300 anos do Patriarcado de Lisboa
O cardeal-patriarca adiantou que, em 2016, haverá uma série de comemorações dos 300 anos da criação do Patriarcado de Lisboa, nomeadamente o Sínodo, em novembro, e um congresso de associações profissionais católicas.
Manuel Clemente revela comemorações dos 300 anos do Patriarcado de Lisboa

Autor: Lusa/AO Online

 

Em entrevista à Lusa, Manuel Clemente afirmou que se realizará um congresso das associações profissionais católicas, que vai aprofundar as disposições da “ecologia integral” da encíclica “Laudate Si’”, publicada pelo papa em maio último.

“Este congresso, eu dou-lhe muita importância, porque, no fundo, representa o apostolado laical ativo e organizado, e temos muita gente com muita competência nos vários domínios socioprofissionais, e que irá dizer como se irá aplicar estas propostas da tal ecologia integral do papa Francisco”, afirmou.

O Sínodo está previsto ter lugar em novembro, sendo o primeiro que se realiza na diocese de Lisboa, desde 1640.

Os trabalhos preparatórios decorrem ainda, devendo as conclusões dos trabalhos ser apresentadas ao cardeal-patriarca na Páscoa, em finais de março de 2016. Manuel Clemente nomeará, então, uma comissão que vai redigir o documento a apresentar ao Sínodo, no qual participam eclesiásticos, religiosos e leigos.

Além dos momentos litúrgicos, “uma parte mais vistosa” das comemorações, está previsto a publicação de vários títulos sobre a diocese de Lisboa, que existe desde o século IV.

“Uma série de publicações que dê a ideia do que é a diocese de Lisboa”, explicou Manuel Clemente.

"Um grupo de professores catedráticos está empenhado em fazer as biografias de todos os bispos conhecidos de Lisboa, que mostra a realidade mais antiga presente neste território e que, através dos seus bispos, se veja um pouco [essa realidade nesse conjunto]” de biografias.

Manuel Clemente adiantou ainda que se está “também a trabalhar nas chamadas cartas pastorais dos patriarcas e, olhando para cada uma dessas cartas pastorais […], fica-se com uma ideia de como este grande corpo - o Patriarcado de Lisboa - agiu e reagiu face à problemática da respetiva época, como até o país, porque muitas das coisas passaram por aqui [pelo Patriarcado]”.

“Vai ser uma coleção documental, quer uma, quer outra, muito interessante”, rematou.

Manuel Clemente realçou que as comemorações “não são no sentido passadista, mas de nos retomarmos com a nossa experiência histórico-pastoral, o que vier a seguir”.

Relativamente ao Patriarcado, Manuel Clemente afirmou que uma possível redefinição das paróquias “é uma questão muito sensível”, às quais “há um conjunto de vinculações e tradições” a que as populações estão ligadas, “mesmo que já lá não morem, mas vão lá”.

“Temos de tocar com toda a sensibilidade numa realidade que é basicamente sociocultural”, frisou.

“Espero que, nesta reflexão que se está a fazer no Sínodo de Lisboa, esse ponto venha ao de cima”, acrescentou.

Questionado sobre a construção da nova catedral de Lisboa, Manuel Clemente afirmou: “Está de pousio”, acrescentando que “há vários fatores que contrariam que se avance depressa, em primeiro lugar, o fator económico, não é algo que fique barato, depois porque há uma Sé histórica, à qual a diocese está apegada e muito apegada - a Sé de Lisboa é a Sé de Lisboa”.

“Se não houvesse alternativas para as nossas grandes celebrações, possivelmente, avançar-se-ia mais depressa, mas nós, felizmente, temos uma boa alternativa, que são os Jerónimos”.

O prelado referiu-se ao mosteiro dos Jerónimos, em Belém, na zona ocidental da capital, como um monumento “grande, bonito” e onde foi ordenado “grande parte do clero de Lisboa”.

Refira-se que o mosteiro foi o escolhido para a entrada solene de Manuel Clemente na diocese, em julho de 2013, e onde celebrou a primeira catequese quaresmal, como patriarca olissiponense.

“Nós já temos de certa maneira uma sé nova, que se chama Jerónimos”, disse a sorrir o cardeal-patriarca.

A nova catedral de Lisboa chegou a estar projetada para a parte sul do Parque das Nações, segundo um protocolo assinado em julho de 2005, entre a câmara municipal e o cabido da Sé.

Na ocasião, o antecessor de Manuel Clemente, José Policarpo, referiu o crescimento populacional, naquela zona da cidade, como uma das justificações da escolha e o facto de vir a ficar virada para o rio Tejo, “que é a alma de Lisboa”, disse.

O novo templo, segundo dados da época, devia servir 30.000 famílias.

A nova catedral “não é tão urgente quanto isso”, declarou Manuel Clemente.

O título de Patriarcado foi dado em 1716, pelo papa Clemente IX, tendo em conta o esforço missionário e de evangelização dos portugueses.

Na Igreja Católica latina, além de Lisboa, só Veneza tem também o título de patriarcado. Manuel Clemente é o 17.º patriarca de Lisboa, tendo sucedido a José Policarpo (1936-2014), que resignou em maio de 2013.

 

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