Açoriano Oriental
João de Melo "feliz, sem lágrimas" com atribuição do prémio Vergílio Ferreira
O escritor João de Melo disse hoje que é um homem "feliz, sem lágrimas", com a atribuição do Prémio Literário Vergílio Ferreira 2016, sentindo-se distinguido pela qualidade da lista dos que o precederam.

Autor: Lusa/AO Online

“Se este júri decidiu inscrever-me nesse caminho, pois, então, muito bem, fecho-me no meu pequeno universo para olhá-lo um bocadinho para dentro, ver o que é que eu fiz dele e o que ele fez de mim e, em última análise, afirmar que vou, evidentemente, continuar a escrever, a publicar e a estar por aí”, declarou o escritor açoriano à agência Lusa.

O vencedor da 20.ª edição do galardão foi escolhido, ao final da manhã de hoje, durante uma reunião do júri do prémio, presidido por António Sáez Delgado e que, este ano, integrou Elisa Esteves, Gustavo Rubim, Carlos Reis e a escritora Lídia Jorge.

O escritor destacou a qualidade do júri do prémio literário, que “é sempre uma voz avalizada”, referenciada como o “trânsito da atual literatura portuguesa”.

João de Melo, natural da Achadinha, onde nasceu em 1949, no concelho do Nordeste, ilha de São Miguel, considera que é uma realidade “absolutamente profunda e óbvia” que quem determina o horizonte dos livros “é sempre o leitor, o anónimo que vai à livraria e que compra, lê e passa a palavra”.

O autor do romance “Gente Feliz com Lágrimas”, que venceu o Grande Prémio do Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE), adiantou que, apesar de a principal premissa da atribuição do prémio não ser distinguir a literatura feita nos Açores, a “condição essencial” que fez dele um escritor “foi sempre o facto de ser um homem das ilhas, um açoriano, nascido naquele lugar, naquela ilha, naquele espaço”.

João de Melo explicou que surge, depois, o que considera ser a “segunda dimensão”, que é o que aprendeu, os livros que leu, os dos outros que lhe “iluminaram o caminho e tiveram um grande poder” na sua pessoa.

“Cada um de nós é pai e filho duma ideia para a própria literatura. A minha não sei muito bem onde é que está, creio que gira por aí, que é dinâmica e que continua a ser uma envolvente da pessoa e do mundo que me rodeia”, disse.

João de Melo revelou ainda que vai lançar, dentro de duas semanas, pelas Publicações D. Quixote, um novo livro de contos que se chama “Os Navios da Noite”.

Além do Grande Prémio do Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, o romancista já venceu os prémios Dinis da Luz, com a obra “O Meu Mundo não é deste Reino”, e da Associação Cultural, com os contos “Entre Pássaro e Anjo”.

Antigo conselheiro cultural na Embaixada de Portugal em Madrid (2001-2010), João de Melo soma mais de vinte títulos, de ensaio, antologia, poesia, romance e conto e algumas das suas obras de ficção valeram-lhe prémios literários, nacionais e estrangeiros, estando traduzidas em Espanha, França, Itália, Holanda, Roménia, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos, México e Croácia.

O seu romance "Gente Feliz com Lágrimas", de acordo com o grupo Leya, foi distinguido com "cinco importantes prémios literários": Prémio Fernando Namora, Prémio Eça de Queiroz, Prémio Livro do Ano Antena Um, Prémio Internacional Cristóvão Colombo (Lima, Peru), além do Grande Prémio de Romance e Novela da APE.

A obra foi ainda adaptada a televisão pela RTP, numa série de cinco episódios dirigida pelo realizador José Medeiros, e ao teatro, com encenação de João Brites para o grupo "O Bando".

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