Açoriano Oriental
Independentistas acusam Sánchez de manobra política

Os partidos independentistas da Catalunha que viabilizaram o último governo espanhol do socialista Pedro Sánchez consideraram hoje uma manobra política a ameaça de demissão do primeiro-ministro em véspera das eleições na região.

Independentistas acusam Sánchez de manobra política

Autor: Lusa


"Confirma-se o pior dos augúrios, foi tudo uma manobra política", afirmou o dirigente da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e presidente do governo regional Pere Aragonès, numa conferência de imprensa em Barcelona pouco depois de Sánchez ter revelado que, após cinco dias de reflexão, vai continuar a ser primeiro-ministro.

Sánchez invocou, na quarta-feira passada, ataques à família, baseadas em campanhas de desinformação, para ponderar demitir-se.

Pere Aragonès acusou hoje Sánchez de ter usado "de forma partidária" a "solidariedade perante ataques da extrema-direita" que lhe manifestaram partidos como a ERC nos últimos dias, acompanhadas com garantias de que votariam a favor de uma moção de confiança ao Governo se o primeiro-ministro avançasse com essa iniciativa.

"Foi o último ato de uma comédia que durou cinco dias na qual brincou com os sentimentos das pessoas e que acabou com uma ‘perfomance’ em forma de sermão, uma atitude sensacionalista sem propostas concretas para combater a extrema-direita", acrescentou Pere Aragonès, que é recandidato ao cargo de presidente do governo regional nas eleições autonómicas de 12 de maio.

Também o Juntos pela Catalunha (JxCat), do ex-presidente regional Carles Puigdemont, acusou Sánchez de "grave irresponsabilidade", "taticismo eleitoral" e de querer "interferir nas eleições catalãs".

"Tentar convertê-las numa ferramenta ao serviço da sobrevivência política do sue partido é um ato impróprio de alguém com a sua responsabilidade", afirmou o secretário-geral do JxCat, Jordi Turull.

Também Jordi Turull criticou que Sánchez se tenha limitado a informar que vai continuar a ser primeiro-ministro sem apresentar "qualquer proposta para reverter a situação que originou esta crise", o que demonstrou "o caráter eleitoralista da sua manobra".

A Catalunha está em campanha para as eleições de 12 de maio, com todas as sondagens a darem a vitória ao Partido Socialista e a ERC e o JxCat a disputarem o segundo lugar.

Os três partidos são os principais adversários nestas eleições, mas os três fazem parte da 'geringonça' que em Madrid, no parlamento nacional, viabilizou o último governo de Sánchez, em novembro passado.

Sánchez revelou estar a ponderar demitir-se na quarta-feira e desde então, em plena campanha eleitoral na Catalunha, a maioria dos partidos desta 'geringonça' mostrou solidariedade com as queixas do primeiro-ministro e chegou a garantir que votaria a favor de uma moção de censura.

Só um partido foi ambíguo, o JxCat, que ameaçou, antes do anúncio de Sánchez, deixar de apoiar o Governo espanhol no parlamento nacional se se concretizarem alianças pós eleitorais que penalizem os independentistas.

Da geringonça espanhola fazem ainda parte, além do partido socialista (PSOE), o Somar (que está na coligação de governo), os bascos Partido Nacionalista Basco (PNV) e EH Bildu, o Bloco Nacionalista Galego (BNG) e a Coligação Canária.

BNG e EH Bildu consideraram hoje sensata a decisão de Sánchez continuar à frente do Governo mas pediram para não se limitar a uma reflexão e para avançar com medidas para regenerar a democracia e acabar com a política "do lodo", considerando que é o momento de enfrentar a "direita reacionária".

Pedro Sánchez revelou que ponderava demitir-se na quarta-feira passada, no dia em que um tribunal de Madrid confirmou a abertura de um “inquérito preliminar” por alegado tráfico de influências e corrupção da sua mulher, Begoña Gomez, na sequência de uma queixa de uma organização conotada com a extrema-direita baseada em alegações e artigos publicados em páginas na Internet e meios de comunicação digitais.

O Ministério Público pediu no dia seguinte o arquivamento da queixa, por considerar não haver indícios de delito que justifiquem a abertura de um procedimento penal.

O líder do Partido Socialista espanhol (PSOE) e do Governo de Madrid reiterou hoje que ele próprio e a família estão há anos a ser vítimas de “um assédio” e uma "campanha de descrédito" dos seus adversários políticos, com base em boatos e mentiras que são levadas para o debate político, e apelou è reflexão coletiva sobre a "degradação da vida pública" em Espanha e à mobilização social "pela dignidade" e contra "a política da vergonha".


PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados