Açoriano Oriental
Igreja de 1,5ME inaugurada na Horta 18 anos depois de um sismo destruir o antigo templo
O bispo dos Açores, João Lavrador, inaugura no domingo, na ilha do Faial, a nova igreja dos Flamengos, construída de raiz no local onda existia a antiga igreja paroquial, destruída pelo sismo de 1998.
Igreja de 1,5ME inaugurada na Horta 18 anos depois de um sismo destruir o antigo templo

Autor: LUSA/AO Online

O novo templo, dedicado a Nossa Senhora da Luz, representa um investimento de 1,5 milhões de euros, financiado em 75% pelo Governo Regional e em 25% pela comunidade paroquial, que se empenhou para ter "nova casa". "O esforço que se tem feito desde o sismo até agora tem sido um esforço grande, com almoços, jantares e iniciativas que as pessoas tiveram de organizar para fazer face a este desafio", recordou o pároco dos Flamengos e ouvidor (figura que coordena várias paróquias) da Horta. Em declarações à Lusa, Marco Luciano realçou, no entanto, a alegria do povo em ver nascer a nova igreja, que quase 18 anos após o terramoto oferece “excelentes condições” para a prática do culto, até agora celebrado num barracão pré-fabricado. A nova igreja dos Flamengos, uma freguesia rural situada no centro da ilha (que, segundo os historiadores, foi povoada por famílias flamengas), mantém os traços da fachada da antiga igreja, oferecendo um espaço interior mais "moderno e acolhedor". "Esta igreja faz muito bem o casamento entre aquilo que é o tradicional e o moderno", sublinhou Marco Luciano. A edificação do novo templo está incluída num processo mais vasto de reconstrução das igrejas danificadas pelo terramoto de 1998 que está, no entanto, atrasado em relação às datas inicialmente previstas. Segundo o ouvidor da Horta, a planificação das obras previa a construção de quatro igrejas de raiz (Flamengos, Salão, Ribeirinha e Pedro Miguel), a uma média de dois em dois anos, só que apenas a dos Flamengos arrancou. "Nem sempre a vontade das comunidades corresponde àquilo que são as questões técnicas", lamentou Marco Luciano, adiantando que, no caso da igreja do Salão (a próxima a avançar), o atraso se deve ao trabalho do arquiteto projetista. O ouvidor da Horta lança, por outro lado, algumas dúvidas relativamente à necessidade de uma nova igreja na freguesia da Ribeirinha (a mais afetada pelo terramoto), que, apesar de ter perdido a sua igreja paroquial, ainda possui uma igreja no lugar dos Espalhafatos, de construção recente. "Importa perguntar neste momento se uma igreja de três milhões de euros é a solução para o lugar da Ribeirinha. Eu penso que não e penso que tudo isto devia ser revisto e repensado", advertiu Marco Luciano. O sismo de 1998 danificou cerca de 70% do parque habitacional do Faial e destruiu diversas estruturas públicas, mas, segundo o ouvidor da Horta, do ponto de vista religioso, o terramoto afetou também a religiosidade do povo. "Nós não estivemos à altura, nem estávamos preparados para isto", recordou, lembrando que, naquele tempo, a prioridade era dar resposta imediata a cada paróquia, mas nem todas estavam preparadas para a dimensão da tragédia. Volvidas quase duas décadas do sismo, o responsável não tem dúvidas em dizer que, ao contrário do que acontecia antigamente, em vez de unir, o sismo afastou os fiéis da Igreja Católica.

 

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