Autor: Rui Jorge Cabral
A Gripe Espanhola - ou ‘hespanhola’, como se escrevia na altura - foi a
última grande pandemia que fez parar o mundo há pouco mais de 100 anos.
Era
uma gripe pneumónica com efeitos semelhantes à Covid-19 provocada pelo
novo coronavírus e também fez parar o mundo em sucessivas vagas entre
1918 e 1920, matando milhões de pessoas.
Nos Açores, a Gripe
Espanhola chegou em agosto de 1918 e os seus efeitos mortais fizeram-se
sentir até fevereiro de 1919, em dois surtos praticamente consecutivos.
Há
100 anos, como agora, também a doença foi importada, na altura através
das ligações marítimas, havendo registo até de levantamentos populares
contra o transporte de passageiros e a falta de resguardo aquando da sua
chegada às ilhas.
Há 100 anos, os cuidados médicos eram
incomparavelmente inferiores aos de hoje e, sobretudo, as condições de
vida das populações eram muito más. Quase não havia cuidados de higiene
entre o povo, que vivia em condições de grande pobreza e as famílias
numerosas a viver em espaços muito reduzidos criavam condições propícias
para o rápido alastramento da doença.
Nesse período de seis meses,
entre o final de 1918 e o início de 1919, terão morrido só na ilha de
São Miguel perto de duas mil pessoas, com mais de 700 mortos no Concelho
de Ponta Delgada.
Leia a reportagem na íntegra na edição impressa do jornal Açoriano Oriental de domingo, 19 de abril de 2020