Autor: Lusa/AO Online
Segundo o representante do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA) estão em causa 11 funcionários dos matadouros das ilhas do Faial, Flores e São Jorge, que foram deslocados para São Miguel para, alegadamente, compensar os efeitos da greve.
“Não concordamos com este tipo de procedimentos por parte da direção do Instituto de Alimentação e Mercados Agrícolas (IAMA)”, criticou Hélder Vieira, em declarações à agência Lusa.
Para o delegado sindical, a situação “ainda é pior” porque hoje é feriado municipal na Ribeira Grande, concelho onde o matadouro está localizado.
“Hoje é feriado municipal. Foram enviados colegas nossos de matadouros de outras ilhas para o matadouro de São Miguel para fazer o abate e expedição da carne”, relatou, salientando que os trabalhadores das “outras ilhas sentem-se enganados porque não sabiam que era feriado municipal e não sabiam que a greve estava a ter este impacto”.
Hélder Vieira levantou ainda “dúvidas” sobre a legalidade da deslocação dos funcionários e recordou que a paralisação “não tem data para acabar”.
Contactada pela Lusa, a presidente do IAMA, Maria Carolina Câmara, assegurou que a deslocação temporária dos profissionais não foi efetuada devido à greve às horas extraordinárias, mas porque existem “clientes a pedir mais abates em São Miguel”.
“Existem 11 trabalhadores que nos vieram ajudar na questão dos animais que estão por abater devido a feriados. Existem necessidades de mercado. Nós como tínhamos disponibilidade de pessoal, o pessoal é do IAMA e é afeto aos matadouros, vieram ajudar-nos num abate extraordinário que os clientes pediram”, explicou a responsável.
Ainda segundo Maria Carolina Câmara, o processo é legal, uma vez que os trabalhadores estão a cumprir o horário do serviço das 08h00 às 16h00.
“Eles estão a trabalhar dentro do horário de serviço. Estamos a cumprir com a greve às horas extraordinárias. Dentro do horário normal, trouxemos 11 trabalhadores para colmatar necessidades dos nossos clientes”, reforçou.
A presidente do IAMA reconheceu, contudo, os impactos que a greve está a ter no matadouro de São Miguel.
“A greve às horas extraordinárias tem tido impactos porque tem sido menos uma hora que se trabalha. Nós temos de parar às 15h00 para poder acabar o trabalho dos animais que estão na linha e para depois higienizar”, concluiu.
Os trabalhadores dos matadouros públicos dos Açores têm vindo a reivindicar "a integração nas carreiras especiais que detinham até 2008".