Autor: Lusa/AO Online
Em declarações à agência Lusa, a professora Ana Isabel Serpa explicou que o núcleo daquele estabelecimento de ensino da ilha de São Miguel começou a ser “preparado” em 2014, altura em que foi decidido “congregar a memória da escola e do patrono num espaço expositivo”.
“É um núcleo interativo e digital que tem uma parte dedicada à memória da escola - a escola tem 132 anos -, e tem uma parte dedicada à memória do patrono. É tudo através de equipamentos intuitivos: ‘tablets’, molduras digitais, frisos cronológicos e mesa interativa”, explicou.
Os conteúdos do núcleo, que vai ser inaugurado na quarta-feira, foram criados por uma “equipa multidisciplinar de professores”, das áreas do Português, da História, da Geografia e da Informática.
A equipa começou a “pesquisar há muito tempo” e “nunca baixou os braços”, nem mesmo perante a pandemia de covid-19: “Mesmo com tudo fechado, vínhamos para a escola e trabalhávamos muito”.
Por isso, segundo Ana Isabel Serpa, existiu “sobretudo um espírito de missão neste projeto”.
“Há uma identificação muito grande com o projeto. Não é uma encomenda. Nós é que tivemos de pesquisar, fazer a seleção, a consulta, a digitalização, a triagem de fontes e a composição final. E ainda não acabamos. Vamos mostrar uma parte significativa, mas é um projeto dinâmico que tem muito para fazer ainda”, afirmou.
O núcleo está a ocupar o “espaço da antiga biblioteca” (que deixou de o ser em 2014) e que foi “totalmente remodelado” para acolher o Niddore.
“É um projeto bilingue, em português e inglês, e é um projeto inclusivo. Ou seja, temos conteúdos criados de forma dinâmica para meninos com necessidades educativas especiais”.
Sob o lema “Sentir a nossa identidade”, o Niddore foi construído com base numa “relação de proximidade” com os herdeiros de Domingos Rebelo, pintor que tem uma “obra vastíssima”, muitas vezes “desconhecida”.
O museu digital evoca ainda a história de 130 anos da escola Domingos Rebelo, recuando ao tempo em que a instituição foi a Escola de Desenho Industrial Gonçalo Velho Cabral e a Escola Industrial e Comercial de Ponta Delgada.
“Sendo uma escola com 130 anos, uma das pastas do núcleo são trabalhos realizados pelos alunos. Temos trabalhos que remontam aos anos 20 do século passado. Contamos com os trabalhos dos alunos que agora estão connosco, obviamente, mas de todos aqueles que passaram por aqui”, assinalou.
O Niddore vai estar aberto ao público em geral num “horário específico” com visitas guiadas por professores.
Ana Isabel Serpa, docente de Português e Literatura portuguesa, enalteceu ainda o “papel fundamental” do Governo dos Açores na concretização de um “sonho antigo” da comunidade escolar.
“Esta história de termos um museu, seja digital ou o que for, é um sonho de há muitos anos. Nos relatórios [escolares] que lemos dos anos 50, 60 e 70, vemos que a escola sempre quis criar um museu. Não é o sonho de agora. É um sonho que já muita gente teve. É um sonho que sedimenta a nossa identidade”, concluiu.