Autor: Ana Carvalho Melo
Apesar de os Açores não acompanharem a tendência nacional de aumento do consumo de drogas ilícitas, os jovens dos Açores continuam a registar prevalências acima do conjunto do país de consumo de substâncias como cocaína, novas substâncias psicoativas (conhecidas como drogas sintéticas) e até opiáceos.
Os dados constam do relatório dos Comportamentos Aditivos aos 18 anos - Inquérito aos jovens participantes no Dia da Defesa Nacional, que resulta de um inquérito realizado em 2022, promovido pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).
Segundo o documento, os Açores não acompanham a tendência nacional de subida do consumo de drogas ilícitas, registando um decréscimo do consumo, fazendo com que a Região esteja agora ligeiramente abaixo do total nacional.
Refira-se que, no conjunto do país, 119.942 jovens responderam a este inquérito, sendo a taxa de prevalência de 33,7%. Destes, 1963 eram residentes dos Açores, onde a prevalência era de 32,5%.
Segundo este relatório, foi
no Algarve onde se registaram as maiores prevalências de experimentação
de substâncias ilícitas (no seu conjunto, 37,4%) e de canábis (35,3%,
enquanto nos Açores é 24,9%), que é a droga ilícita de longe mais
consumida ao longo da vida em todas as regiões do país. Os Açores
destacam-se por ser a Região onde há maior consumo de todas as outras
drogas, à exceção das anfetaminas.
Refira-se que os Açores surgem com os maiores consumos relativos de cocaína (6,7%), novas substâncias psicoativas (6,1%), alucinogénios (5,9%) e heroína/opiáceos (4,4%).
“A título ilustrativo, diga-se que, embora estejam em causa prevalências sem muita expressão, os valores do consumo ao longo da vida de heroína e outros opiáceos registados na Região Autónoma dos Açores são mais do dobro do total nacional”, salienta o estudo.
Já no que diz respeito ao consumo não prescrito de tranquilizantes/sedativos, a Região sobe mais do que o conjunto do país, distanciando-se do total nacional. Neste caso, a prevalência do país era de 7,3%, enquanto nos Açores subia para 10,9%.
Em relação à experimentação de bebidas alcoólicas, face a 2021, a Região converge com o conjunto do país, mas distancia-se no que concerne ao consumo recente e, sobretudo, ao consumo atual e a alguns comportamentos nocivos associados ao álcool (consumo binge e embriaguez severa).
No caso do consumo binge de bebidas alcoólicas nos últimos 12 meses, é no Alentejo que se regista o consumo mais elevado (63%), consideravelmente acima do total nacional (+7 pontos percentuais), enquanto a Região Autónoma dos Açores se destaca em sentido contrário (44%).
No que respeita à embriaguez severa nos últimos 12 meses, mais uma vez o Alentejo destaca-se das restantes regiões, registando a maior prevalência do país (46%), muito acima do total nacional (+10 pontos percentuais), enquanto a Região Autónoma dos Açores se destaca novamente em sentido contrário (30%).
Quanto à embriaguez ligeira nos últimos 12 meses, verifica-se a mesma tendência de valores muito elevados no Alentejo (73%) e menos expressivos nas Regiões Autónomas dos Açores (57%) e da Madeira (58%).
Também nos valores relativos ao consumo de
tabaco, os Açores acompanham a tendência de descida que se verifica no
plano nacional. Segundo o documento, no total do país, 43% dos jovens o
consumiam diariamente ou quase, valor que nos Açores era de 40,6%.
Jovens açorianos são dos que mais usam a internet para jogos de apostas
Os Açores não acompanharam a tendência nacional de descida no que diz respeito à utilização da Internet para jogos de apostas, traduzindo-se numa discrepância “muito acentuada face ao total nacional”.
De acordo como relatório dos Comportamentos Aditivos aos 18 anos - Inquérito aos jovens participantes no Dia da Defesa Nacional, a prevalência de jovens que declararam utilizar a Internet para jogar varia pouco em função da região, sendo que todas registam valores próximos do total nacional. Entre a região com maior prevalência de jogo online (Madeira, com 64%) e a região com a menor (Alentejo, com 61%) separam apenas 3 pontos percentuais. Nos Açores a prevalência é de 62,2%.
No que diz respeito aos jogos de apostas online, as discrepâncias no plano regional são mais acentuadas, verificando-se mais uma vez uma clivagem não despicienda entre Portugal Continental e as Regiões Autónomas, onde esta prática é mais prevalente. A Madeira (23%) e os Açores (22,3%) foram as regiões onde a maior percentagem de jovens declarou utilizar a Internet para fazer apostas. No conjunto do país o valor foi de 17,2%.