Autor: Lusa/AO Online
O comunicado conjunto é assinado pelos líderes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano, e do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Kanayo F. Nwanze.
São também subscritores os responsáveis pelo Programa Alimentar Mundial (PAM), Ertharin Cousin, e pela Organização Internacional do Direito do Desenvolvimento (IDLO), Irene Khan.
“Apesar do importante papel desempenhado pelas mulheres na produção de alimentos e na alimentação das suas famílias, pouca atenção tem sido dada à relação entre o género, a violência e a segurança alimentar”, refere a nota.
De acordo com os organismos da ONU, a discriminação por motivos de género fomenta a subnutrição e a marginalização das mulheres.
“Muitas vezes, as práticas discriminatórias em comunidades rurais geram desequilíbrios na distribuição de alimentos dentro da família, de tal forma que, geralmente, as mulheres e as meninas têm acesso a alimentos menos nutritivos e em menor quantidade”.
Segundo as agências, durante períodos de insegurança alimentar, as famílias pobres chegam a casar as filhas prematuramente para terem menos uma boca para alimentar.
“Às vezes, as mulheres refugiadas veem-se obrigadas a prostituir-se em troca de comida”, afirma o documento.
“Como passam horas a recolher lenha para cozinhar para a sua família, as mulheres ficam vulneráveis às violações e outras formas de agressão”.
As viúvas são vítimas de perseguições por motivos relacionados com a posse da terra e, muitas vezes, as leis nacionais favorecem os homens.
A violência doméstica tem efeitos negativos na produção agrícola e no bem-estar familiar.
“Para muitas mulheres que hoje lutam para satisfazer as suas próprias necessidades alimentares e as dos seus filhos, a segurança alimentar significaria segurança pessoal e legal”, sublinhou o comunicado.
As mulheres representam mais de 40 por cento da mão-de-obra agrícola nos países em desenvolvimento.
“Melhorar a igualdade no acesso das mulheres aos fatores de produção agrícola (tais como sementes, ferramentas, fertilizantes), à educação e aos serviços públicos contribuiria significativamente para alcançar a segurança alimentar e nutricional para todos”, indica o documento.
Para as agências da ONU, garantir às mulheres e às meninas meios jurídico e económicos cria oportunidades de desenvolvimento, confere-lhes mais peso político e reduz a sua vulnerabilidade à violência.
A segurança alimentar, segundo a nota, vincula os diversos elementos necessários para construir um futuro de paz e de justiça.