Açoriano Oriental
Comerciantes de Angra do Heroísmo estimam prejuízos avultados devido à chuva
Os empresários do centro histórico de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, Açores, ainda não contabilizaram os prejuízos provocados pelas inundações ocorridas na sexta-feira, mas estimam que sejam avultados.
Comerciantes de Angra do Heroísmo estimam prejuízos avultados devido à chuva

Autor: AOnline/LUSA

A maioria das lojas abriu portas esta manhã, mas nas zonas em que água correu com mais força, funcionários e proprietários ainda limpam a lama.

Para já, a prioridade é deixar os estabelecimentos em condições de reabrirem ao público o mais rapidamente possível e só depois os comerciantes farão contas ao que a água destruiu.

"Ainda não contabilizámos, mas vão ser algumas centenas [de euros] de prejuízo. O chão, telemóveis, computadores. A água subiu uns 40, 50 centímetros dentro da loja", disse à agência Lusa Lino Martins, de uma loja de telecomunicações na Rua Direita, uma das mais afetadas no centro histórico de Angra do Heroísmo.

Em apenas duas horas, entre as 14:00 e as 16:00 (hora local) de sexta-feira, registaram-se 55 litros de precipitação por metro quadrado, na zona leste da ilha Terceira.

Duas ribeiras transbordaram, várias estradas estiveram encerradas ao trânsito e os bombeiros receberam cerca de 170 pedidos de auxílio, na sua maioria por inundações em habitações e estabelecimentos comerciais.

Lino Martins viveu momentos de "alguma aflição", quando, "de repente", viu a água a entrar-lhe pela loja e a correr pela rua abaixo.

"Quando a gente se apercebeu que estava a chover, a água já estava a entrar. Não se podia sair para a rua, porque a água estava a levar os carros. Também levava as pessoas", explicou.

A rua parecia um rio e os carros que estavam estacionados foram deslizando até embaterem uns nos outros.

Ao longo da rua, mesmo que muitos já tenham procedido à limpeza da lama, ainda há quem tenha deixado sacas e tábuas de madeira à porta para proteger de uma eventual nova enchente.

Jorge Brasil não abriu a sua loja de óculos no início da Rua Direita, apesar de, com os funcionários, ter deixado tudo limpo antes de regressar a casa.

"Estivemos aqui até às 19:00 ou 20:00 a limpar. Voltei às 23:30 a ver se o caudal tinha subido, porque continuava a chover. Colocámos aqui uns taipais para evitar que houvesse uma enchente", contou.

Só hoje o proprietário terá tempo para calcular os estragos, mas a água entrou pela loja dentro até ao escritório e as caixas embutidas no chão estão em risco de terem de ser substituídas.

Sob um céu cinzento, que ameaçava mais uma chuvada, os funcionários da autarquia limpavam esta manhã as ruas da cidade, mas ainda há muito trabalho por fazer.

As estradas do centro histórico voltaram a estar abertas à circulação, mas um pouco por toda a cidade há buracos nos passeios e calçada levantada.

Na Praça Velha, o centro de Angra do Heroísmo, Orlanda Gomes, proprietária de uma loja de vestuário, começava a limpar a lama, ainda com as horas de aflição na memória.

Segundo Orlanda Gomes, tudo aconteceu "no espaço de cinco minutos". Ainda fechou as portas, mas a força da água era tanta que entrou pela loja mesmo assim, destruindo roupas, madeiras e até a parte elétrica.

Mais abaixo, junto à marina, o único hotel de cinco estrelas dos Açores também registou prejuízos devido às inundações.

"No piso menos 1 entrou-nos água para os poços dos elevadores. Temos cinco elevadores parados com o poço cheio de água”, disse o diretor residente do hotel, Luís Franco.

A água entrou numa garagem que não é utilizada neste momento, por isso não destruiu viaturas, mas chegou aos elevadores e à parte técnica.

Segundo Luís Franco, só na segunda-feira é que serão contabilizados os prejuízos, mas o diretor apontou já responsabilidades à empresa Portos dos Açores, que reabilitou recentemente a estrada em frente ao hotel.

"A rua, na minha opinião, está mal construída, porque em vez de vazar para o mar vem para dentro", frisou.

O Museu de Angra do Heroísmo encerrou portas até terça-feira, mas apenas para limpeza de uma "reserva visitável", que foi inundada nas traseiras.

Segundo o diretor do museu, Jorge Paulus Bruno, o espólio não foi afetado.

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