Autor: Lusa/AO Online
“Em relação à programação não interferimos e, neste caso, também não abrimos exceção”, afirmou Luís Maciel à agência Lusa, acrescentando que o município tem apoiado, “de forma mais ou menos regular, todas as festas concelhias e comissões de festa”.
Uma petição pública, já assinada por quase uma centena de cidadãos, pede ao presidente da Câmara das Lajes que retire a licença municipal à realização da vacada ou que o evento seja retirado do programa da festa religiosa.
A festa do Senhor Santo Cristo, na freguesia da Fazenda, concelho das Lajes das Flores, decorre de 28 a 31 de julho, tendo previsto para dia 30, pelas 18:00 (mais uma hora em Lisboa) uma vacada.
O documento, também enviado ao bispo de Angra, considera que as touradas ou vacadas em nada contribuem para educar os cidadãos, põem “em risco, de forma absurda, a integridade física e até em algumas ocasiões a vida das pessoas”, argumentando que neste concelho açoriano “não há este tipo de tradição”.
Além disso, os peticionários lembram, também, que a autarquia das Lajes das Flores deveria corresponder aos critérios do galardão de reserva da biosfera, atribuído à ilha em 2009, que implica “o respeito pela natureza, ambiente e animais”.
Luís Maciel adiantou que foi solicitado ao município e autorizado o pedido para a realização da vacada, que a responsabilidade pela festividade e programação é da comissão de festas e que a autarquia apoiou as mesmas com 1.500 euros.
“O desagrado é mais de fora do que propriamente cá da ilha. Obviamente que cá na ilha também há pessoas que gostam e são aficionadas e outras que não gostam e são contra”, referiu o presidente da câmara das Lajes das Flores.
Iniciativas do mesmo género têm ocorrido noutras ilhas do arquipélago nos últimos anos e suscitado iguais manifestações de contestação cívica.
Por se tratar de uma festa religiosa, os peticionários defendem que a Diocese de Angra se devia pronunciar, alegando que “o Papa Pio V condenou as touradas, por considerar espetáculos alheios de caridade cristã”.
A Lusa tentou obter uma reação da Diocese de Angra, sem sucesso até ao momento.