Oposição no parlamento dos Açores critica "maus resultados" na Educação
Os partidos da oposição no parlamento dos Açores criticaram hoje a política da Educação do Governo Regional, que, por seu turno, os acusou de "cegueira" por não verem qualquer progresso neste setor.

Autor: Lusa/AO Online

Na interpelação ao Governo Regional, iniciativa do CDS-PP, o deputado centrista Artur Lima afirmou que os Açores têm a maior taxa de analfabetismo e de abandono escolar precoce.

“Entre as regiões portuguesas os Açores são maus, os piores, naquilo que mais contribui para o nosso desenvolvimento social e crescimento económico”, declarou Artur Lima, questionando de que serviu a autonomia.

O parlamentar referiu-se depois aos diferentes titulares da pasta da Educação na região nos 20 anos de governação socialista para concluir que só agora o PS/Açores “assumiu a Educação como paixão”, pretendendo liderar um debate que leve a um “acordo alargado”.

“Mas liderar o quê se, ao longo dos últimos 20 anos, nunca conseguiram ter uma estratégia definida e rejeitaram sempre consensos com a oposição?”, questionou Artur Lima, que se afirmou “disponível para inverter o rumo da Educação nos Açores” se o PS aceitar as propostas dos centristas”.

Na interpelação, Artur Lima denunciou ainda que na ilha Terceira uma clínica de saúde mental “anda a recrutar alunos” com necessidades educativas especiais aos quais faz um diagnóstico e remete depois o processo para a escola, pagando-se “fortunas” para os avaliar.

Judite Parreira (PSD) referiu que a Educação vive uma “situação dramática”, reconhecendo progressos que, ainda assim, “não retiraram os Açores da cauda” das regiões do país nesta matéria.

“Falta estratégia, falta rigor, falta um pensamento para a Educação”, apontou.

Paulo Estêvão (PPM) lamentou o facto de os Açores apresentarem resultados que os colocam “abaixo de outras regiões do interior do país e até da Madeira” e observando que, entre 2010 e 2016, a oposição apresentou 17 propostas no âmbito da Educação, mas “só foi aprovada uma proposta”, o que denota que “esta maioria não é dialogante”.

A bloquista Zuraida Soares perguntou se “foi tão recuperado quanto era possível” o “atraso escandaloso”, enquanto Aníbal Pires, do PCP, sustentou que “nunca esta região investiu tão pouco na formação de professores como atualmente”.

Em resposta, o secretário regional da Educação e Cultura, Avelino Meneses, acusou a oposição de “cegueira que não enxerga qualquer progresso e progressos há muitos”.

Avelino Meneses exemplificou que “o abandono escolar precoce caiu de 60% em 1998 para 29% em 2015”, naquela que “foi a descida mais acentuada do país”, referindo ainda que a taxa de desistência é nula no 1.º e 2.º ciclos e residual no 3.º ciclo e no ensino secundário.

Em resposta à denúncia de Artur Lima, Avelino Meneses acrescentou que “as escolas do sistema educativo fazem a identificação dos alunos com necessidades educativas especiais e, quando os recursos são insuficientes, recorre-se à colaboração externa desta empresa e de outras empresas”.

“Sobre esta empresa e sobre outras, procuramos fazer vigilância”, assegurou, prometendo redobrá-la se tal se justificar.

A interpelação ao Governo Regional prossegue durante a tarde.