Autor: Lusa/AO online
"A Holanda, como país que mais sofreu, deve coordenar a investigação internacional" sobre o avião da Malaysia Airlines abatido por um míssil quando sobrevoava o leste da Ucrânia, na quinta-feira.
Os restos de 247 vítimas do voo MH17 encontram-se atualmente num comboio refrigerado, em Torez, uma zona sob controlo dos separatistas pró-russos no leste ucraniano, indicou um porta-voz de Alexandre Borodai, o "primeiro-ministro" da "República Popular de Donetsk" (DNR), autoproclamada.
Andrei Purguin, "primeiro-ministro adjunto" da DNR, citado pela agência noticiosa russa Interfax, afirmou que os corpos só seriam "transferidos para Kharkiv (zona sob controlo das forças governamentais) quando os peritos internacionais" chegassem a Torez para os examinar.
Os investigadores forenses holandeses, já em Kharkiv e Donetsk, vão dirigir a partir de hoje as operações de identificação das vítimas.
Nas Nações Unidas, em Nova Iorque, o ministro dos Negócios Estrangeiros holandês, Frans Timmermans, vai procurar o apoio da comunidade internacional para conseguir repatriar, o mais rapidamente possível, as 193 vítimas holandesas da catástrofe aérea.
Timmermans indicou que a Holanda quer "garantir que a comunidade mundial apoie uma investigação internacional completa e independente, para que se possa determinar exatamente o que aconteceu e levar os responsáveis a prestar contas".
O chefe da diplomacia holandesa acrescentou ter falado com os homólogos norte-americano e britânico, John Kerry e Philipi Hammond, respetivamente, que manifestaram total apoio ao governo holandês.
O conselho de segurança da ONU reúne-se hoje, a partir das 19:00 TMG (20:00 em Lisboa), para debater uma resolução, proposta pela Austrália e apoiada pela França, que exige aos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia acesso livre e seguro ao local da queda para os investigadores internacionais.
A proposta da Austrália, país que perdeu o maior número de cidadãos (28) no acidente depois da Holanda, condena o ataque contra o avião malaio e exige que os responsáveis sejam julgados.
O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, disse que vai receber "muito mal" um evento veto da Rússia a uma resolução da ONU para aceder ao local onde caiu o voo MH17, que fazia a ligação entre Amesterdão e Kuala Lumpur.
Abbott indicou que os apoios à resolução, proposta pela Austrália ao conselho de segurança da ONU, estão a aumentar e considerou que "a decência e a justiça requerem que esta resolução seja aprovada por aclamação".
A Rússia é um dos cinco (Estados Unidos, China, França e Reino Unido) membros permanentes do conselho de Segurança da ONU com direito a veto.
Violentos combates opõem as forças separatistas e ucranianas não longe da zona do acidente, aparentemente causado por um míssil antiaéreo disparado pelos rebeldes pró-russos, segundo Washington.
Nenhum cessar-fogo foi decretado depois do acidente.