Jorge Sampaio: O Presidente que se opunha à invasão do Iraque

10 de set. de 2021, 12:36 — Lusa/AO online

Sampaio e Barroso estiveram também em lados opostos sobre a cimeira na base das Lajes, nos Açores, que juntou o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e os primeiros-ministros do Reino Unido, Tony Blair, e de Espanha, José Maria Aznar, três dias antes da invasão do país de Saddam Hussein. Passados 13 anos, em 07 de maio de 2016, o antigo primeiro-ministro afirmou, numa entrevista à SIC e ao Expresso, que Sampaio concordara com a cimeira. Através dos jornais, Jorge Sampaio respondeu e desmentiu Durão Barroso, afirmando que não cabia ao Presidente “autorizar ou deixar de autorizar atos de política externa”.Ao Público e ao Diário de Notícias, Sampaio reiterou, nessa altura, que tinha uma visão divergente da de Barroso relativamente à questão do Iraque e que concordou com a cimeira por lhe ter sido transmitido que era uma cimeira para a paz.E recordou ter sido contactado dois dias antes da cimeira, numa reunião de urgência, e que o argumento de Durão Barroso era “de que se tratava da derradeira tentativa para a paz e para evitar a guerra no Iraque”. Por isso, Jorge Sampaio concordou. Foi também isso que Durão Barroso disse numa declaração ao país a 15 de março de 2003. “A cimeira dos Açores não resultará em nenhuma declaração de guerra, isso posso garantir”, afirmou. Três dias depois da cimeira dos Açores, começou a invasão do Iraque, numa ação liderada pelos Estados Unidos e Reino Unido, sem o aval das Nações Unidas, opção que Sampaio criticou, enquanto defensor do multilateralismo e do papel da ONU.