Zero defende fim dos voos noturnos no aeroporto de Lisboa
27 de ago. de 2024, 10:14
— Lusa
Em comunicado, a Zero refere
que, nas últimas duas semanas, foram registadas no Aeroporto Humberto
Delgado, em Lisboa, 115 voos acima do permitido.De
acordo com uma portaria de 2004, está estabelecido o máximo de 91
movimentos aéreos semanais e 26 diários entre a 00:00 e as 06:00.Aquela
portaria estabelece ainda que a autorização de movimentos aéreos
durante o período noturno está condicionada aos níveis de ruído das
aeronaves utilizadas.“Nas duas últimas
semanas foram contados pela Zero no referido período, com base em
informação pública disponibilizada pela ANA Aeroportos, 139 movimentos
aéreos (mais 48 que o permitido) na semana compreendida entre 12 e 18 de
agosto e 158 movimentos aéreos (mais 67) na semana decorrida entre os
dias 19 e 25 do mesmo mês, violando os limites estabelecidos na
legislação que abriu lugar a exceções em 2004”, sublinha a Zero.A
associação ambientalista indica ainda que, no dia 20 deste mês, foram
registados 33 movimentos aéreos entre as 00:00 e as 06:00,
“transgredindo o máximo diário permitido pela exceção à lei geral”.“O
último número conhecido quanto ao valor global das coimas aplicadas
nestes casos é de apenas 52.400 euros em 2022, o que é desprezável face
aos 206 milhões de euros em custos para a saúde pública que foram
apurados em 2019 pelo Grupo de Trabalho da Assembleia da República no
âmbito do Estudo e Avaliação do Tráfego Noturno do Aeroporto Humberto
Delgado”, refere a Zero.Face a esta
situação, a associação defende um conjunto de medidas, nomeadamente a
instauração de um período sem voos agendados entre as 00:30 e as 05:00,
“com flexibilidade para movimentos com atraso poderem ocorrer até à
meia-noite e meia”.“Perante a gravidade da
situação, a Zero quer que as autoridades apliquem as conclusões do
grupo de Trabalho que analisou os voos noturnos no Aeroporto de Lisboa,
garantindo que, num primeiro passo, no verão de 2025 sejam totalmente
proibidas as operações de aterragem e descolagem no Aeroporto Humberto
Delgado no período entre a meia-noite e meia e as cinco da manhã”,
sublinha a nota.A Zero defende, ainda, a
“obrigatoriedade, por parte do gestor da infraestrutura, da publicação
mensal do número de pessoas afetadas por níveis de ruído noturno acima
dos 45 decibéis e a definição de uma estratégia para o cumprimento da
lei do ruído.A associação pretende,
igualmente, a “aplicação de uma taxa de ruído aos voos, em função das
suas emissões sonoras”, assim como a revisão das coimas por violação da
legislação”.“De acordo com o contador da
Zero, presente na página zero.ong, os custos do não encerramento do
Aeroporto Humberto Delgado estão já perto dos 10 mil milhões de euros
desde 2015, ano em que a infraestrutura deveria ter sido encerrada”,
indica a associação.