Zero alega ser necessária Avaliação de Impacte Ambiental para expansão da Portela
7 de jan. de 2019, 08:51
— Lusa/AO Online
Segundo a Zero, "o
Governo tem dado a entender que a decisão já anunciada há muito, e
agora concretizada neste acordo [de modelo de financiamento da expansão
aeroportuária da zona de Lisboa, a ser assinado na terça-feira], apenas
depende do Estudo de Impacte Ambiental do aeroporto do Montijo". Porém,
"à luz da legislação europeia, as obras de expansão no Aeroporto
Humberto Delgado, - que incluem o alargamento do estacionamento para
aviões, a construção de um novo hangar para os militares e entidades
oficiais, novos acessos rodoviários e a reformulação de toda a
circulação em torno do aeroporto, e também a ampliação do espaço de
check-in de passageiros, - requerem um procedimento próprio de Avaliação
de Impacte Ambiental", indica a associação.A
organização, que é presidida por Francisco Ferreira, considera que “o
plano para a operação aeronáutica da região de Lisboa deveria ser objeto
de uma avaliação mais abrangente e rigorosa, que colocasse em
perspetiva as várias opções possíveis, permitindo assim uma decisão
verdadeiramente informada”.“De
acordo com as diretrizes da Comissão Europeia, as características de um
projeto devem ser avaliadas em relação aos seus impactes cumulativos
com projetos já existentes ou aprovados, nomeadamente aqueles com
efeitos significativos no ambiente, como é o caso da expansão de
aeroportos em áreas densamente povoadas”, lê-se na nota divulgada às
redações.A
Zero lembra que, "desde o início deste processo, tem vindo a alertar
para a absoluta necessidade da realização de uma Avaliação Ambiental
Estratégica, não apenas por motivos legais, uma vez que a legislação
europeia e nacional assim o obriga, mas acima de tudo por questões
estratégicas e de planeamento de longo prazo, naquela que será uma
decisão com um enorme impacte no país, em termos económicos, sociais,
ambientais e de ordenamento do território".A
organização alerta também que o “aumento preconizado do tráfego aéreo
acarretará também impactes muito significativos para o ambiente, com
consequências nefastas para a saúde humana, como o aumento do ruído e da
poluição atmosférica”.Depois
de já ter efetuado uma queixa junto da Comissão Europeia, a associação
ambientalista adianta que está “a preparar uma ação nos tribunais
nacionais” e que “envidará todos os esforços para que seja reposta a
legalidade” e a avaliação avance.O
Estado português e a ANA - Aeroportos de Portugal vão assinar, na
terça-feira, um acordo sobre o modelo de financiamento para a construção
do novo aeroporto no Montijo e o reforço da capacidade do atual
aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, revelou fonte da gestora de
aeroportos.A
Zero classifica esta cerimónia como “uma tentativa de garantir um facto
consumado”, e considera que “constitui uma forma de pressão inaceitável
sobre a administração, no sentido de garantir uma decisão favorável
relativamente ao novo Estudo de Impacte Ambiental que está a ser
elaborado”.Apesar
de, na sexta-feira, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas ter
assegurado que serão cumpridas integralmente as eventuais medidas de
mitigação que venham a ser definidas pelo estudo de impacto ambiental
para o aeroporto complementar do Montijo, a organização aponta que “todo
o procedimento por parte do Governo tem sido precisamente o inverso
daquele que é o espírito da lei”.“Todo
o procedimento em torno da decisão sobre o futuro da operação
aeroportuária continua a ser assim muito pouco transparente, procurando
garantir decisões opacas tomadas em gabinetes fechados, e sem integrar o
conhecimento necessário para escolher a melhor opção possível para o
desenvolvimento do país”, remata a nota.