Zelensky exige a Guterres que ONU garanta segurança de central nuclear
Ucrânia
18 de ago. de 2022, 16:31
— Lusa/AO Online
Na
reunião com Guterres, realizada na cidade ucraniana de Lviv, Zelensky
acusou a Rússia de fazer chantagem com a segurança da central nuclear de
Zaporijia (sudeste da Ucrânia), segundo relatou na rede social
Telegram.Zelensky disse que o clima de
“terror deliberado da parte do agressor pode ter consequências
catastróficas a nível global” no caso de um acidente nuclear na central,
a maior do género na Europa.“A ONU tem de
garantir a segurança deste ativo estratégico [central nuclear de
Zaporijia], a sua desmilitarização e completa libertação das tropas
russas”, defendeu.A Rússia rejeitou hoje
propostas para desmilitarizar a área em torno da central nuclear de
Zaporijia, que considerou como inaceitáveis.“As
propostas de desmilitarização de uma área em redor da central nuclear
de Zaporijia são inaceitáveis”, disse hoje o porta-voz da diplomacia
russa Ivan Nechaev.Para Moscovo, implementação de tais propostas “tornará a central muito mais vulnerável”, acrescentou.As
forças russas controlam a central de Zaporijia, mas ambas as partes
acusam-se mutuamente de ataques que podem provocar um desastre nuclear.A Ucrânia tem quatro centrais nucleares em funcionamento, com um total de 15 reatores, seis dos quais na de Zaporijia.Zelensky
disse também que ele e Guterres concordaram em prosseguir com a
implementação do acordo que permitiu o restabelecimento da exportação de
cereais ucranianos que estavam bloqueados desde o início da guerra na
Ucrânia, em 24 de fevereiro.O acordo, celebrado no final de julho, envolve a Ucrânia, a Rússia, a Turquia e a ONU.O
Ministério da Defesa turco anunciou hoje que o acordo permitiu que
622.000 toneladas de cereais chegassem aos mercados mundiais.Segundo
as autoridades turcas, desde início de agosto, 25 navios partiram dos
portos ucranianos do Mar Negro carregados de cereais, enquanto outros 18
atracaram em docas ucranianas.Além do encontro com Guterres, Zelensky reuniu-se em Lviv com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.Após os encontros bilaterais, realizou-se uma reunião entre Zelensky, Erdogan e Guterres.Erdogan
viajou para Lviv com os ministros turcos da Defesa, dos Negócios
Estrangeiros, da Energia e Recursos Naturais, da Agricultura e
Florestas, e do Comércio, bem como o chefe da Organização Nacional de
Inteligência.Numa nova publicação no
Telegram, Zelensky disse que a visita de Erdogan, a primeira do
Presidente turco à Ucrânia desde o início da guerra, significa uma
“mensagem poderosa” de apoio.Disse que
falou com Erdogan sobre formas de melhorar o mecanismo de exportação de
cereais, do “roubo em larga escala” de cereais pelas tropas russas, da
situação na central nuclear de Zaporijia e sobre cooperação bilateral em
matéria de defesa.“Estou certo de que a futura expansão da cooperação entre a Ucrânia e a Turquia fortalecerá ambas as partes”, acrescentou.No
exterior do palácio de Potocki, local da reunião, concentrou-se um
grupo de familiares e amigos dos militares ucranianos feitos
prisioneiros pelos invasores russos na fábrica Azovastal, em Mariupol
(sul), para pedir ao secretário-geral da ONU que interceda a favor
destes, de acordo com a EFE.Os
manifestantes pretendem que os líderes mundiais persuadam o Presidente
russo, Vladimir Putin, a permitir que a Cruz Vermelha e a ONU tenham
acesso aos locais de cativeiro dos prisioneiros de Azovastal para
verificar as suas condições e acertar os termos da sua libertação.Oksana
Dubyk, mulher de um dos prisioneiros ucranianos disse à EFE que estava
dececionada com a “inércia” e a “impotência” demonstradas pela ONU e
pela Cruz Vermelha, mas mostrou-se esperançosa de que António Guterres
“finalmente acorde” e comece a ajudar os prisioneiros ucranianos.