Zelensky discursa de surpresa para população em Vilnius
11 de jul. de 2023, 17:43
— Lusa
Volodymyr
Zelensky discursou em ucraniano depois de acabar a conferência de
imprensa do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (NATO), Jens Stoltenberg, na qual foi anunciado que a adesão da
Ucrânia não tem calendário previsto e que só vai acontecer com a
concordância de todos os Estados-membros e quando estiverem reunidas as
condições.Zelensky apareceu ladeado pelo
Presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, e foi aplaudido pela multidão,
que entre bandeiras às costas ou empunhadas ao vento "pintou" a praça
com as cores azul e amarela, da bandeira da Ucrânia.A adesão da Ucrânia tornará a Aliança Atlântica "mais forte", disse o líder ucraniano."A
NATO dará segurança à Ucrânia. A Ucrânia tornará a NATO mais forte",
insistiu Zelensky antes de participar, com o seu homólogo lituano, numa
cerimónia de hasteamento de uma bandeira ucraniana trazida de Bakhmut.Bakhmut,
na província de Donetsk (leste da Ucrânia), é cenário da mais longa e
sangrenta batalha desde a invasão russa, que perdura desde agosto do ano
passado com elevadas baixas de parte a parte, e que as forças de Kiev
tentam agora recuperar no âmbito da contraofensiva em curso, depois de a
cidade ter sido tomada pelo grupo de mercenários Wagner no final de
maio. Do palco montado na praça da capital
lituana, Zelensky indicou que está em Vilnius "com confiança nos
parceiros da NATO", organização que, disse, "não se curvará a nenhum
agressor”.“A Rússia nunca mais atacará os
países bálticos, nunca mais marchará sobre Praga ou atacará a Finlândia,
não voltará a ocupar a Europa”, proclamou o governante.O
discurso, de grande carga emocional, foi acompanhado pelo hino
ucraniano, entre os aplausos da plateia a cada uma das frases do líder
ucraniano, que foram traduzidas por um intérprete.A
intervenção do dirigente ucraniano ocorreu poucas horas depois de
chegar à capital lituana, onde se prevê que participe hoje à noite no
jantar oferecido pelo Presidente do país báltico, Gitanas Nauseda, aos
dirigentes da NATO e países convidados.A
intervenção de Zelensky coincidiu com a apresentação pelo
secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, da declaração acordada entre
os membros da Aliança Atlântica, esperando-se que na quarta-feira seja
formado o chamado Conselho NATO-Ucrânia, com a colaboração do líder
ucraniano.O texto deixa explícito que os
líderes da NATO convidarão a Ucrânia a tornar-se membro da organização
quando os aliados concordarem e quando o país cumprir as condições,
anunciou Stoltenberg, na capital da Lituânia, um país que, como o resto
dos Estados bálticos e a Polónia, representam a linha de máxima de
solidariedade com a Ucrânia entre os aliados europeus contra a agressão
russa.Pelas ruas de Vilnius agitam-se
bandeiras e outros símbolos ucranianos, enquanto nos autocarros se leem
mensagens a favor do fornecimento de armas e combatentes à Ucrânia ou da
plena integração do país na NATO, misturadas com outras de aberta
hostilidade à Rússia e ao seu Presidente, Vladimir Putin.Zelensky
chegou à capital lituana a bordo de um avião colocado à disposição do
líder ucraniano pelo Governo polaco, segundo fontes presidenciais
ucranianas.O líder ucraniano deslocou-se
depois para o centro da cidade numa viatura oficial, enquanto os meios
de comunicação lituanos divulgavam as primeiras imagens de Zelensky, com
a sua habitual camisola verde militar e a acenar à multidão.A
Ucrânia foi impedida de operar voos no seu território desde o início da
invasão militar russa, em 24 de fevereiro do ano passado, forçando a
liderança ucraniana a se deslocar regularmente de comboio para a Polónia
antes de tomarem voos para os seus destinos no estrangeiro e o mesmo
acontece com os dignitários internacionais que fazem o caminho inverso
quando visitam Kiev.Zelensky intervirá na
quarta-feira no Conselho NATO-Ucrânia perante os 31 líderes dos
Estados-membros da Aliança Atlântica, mais a Suécia, país que ainda não
completou o processo de integração na Aliança, mas que recebeu já o
apoio da Turquia que, juntamente com a Hungria, ameaçavam usar o seu
poder de veto para impedir a adesão de Estocolmo.O ministro da Defesa ucraniano, Oleksi Reznikov, participou hoje nos encontros de trabalho.