Zelensky avisa que a Rússia se prepara para mais um ano de guerra
Ucrânia
Hoje 17:22
— Lusa/AO Online
"Hoje, ouvimos mais
um sinal de Moscovo a dizer que se estão a preparar para fazer do
próximo ano mais um ano de guerra", declarou Zelensky no seu discurso
diário à nação.O líder ucraniano avisou os
aliados europeus que “é importante que vejam isto” e sobretudo que
reajam, dirigindo-se em particular aos Estados Unidos, “que dizem
frequentemente que a Rússia supostamente quer acabar com a guerra”.O
líder do Kremlin (presidência russa) reafirmou o objetivo de
conquistar militarmente o que considerou como “territórios históricos
russos” na Ucrânia, numa alusão às regiões parcialmente ocupadas no país
vizinho, se a diplomacia fracassar.“Se o
adversário e os seus patrocinadores estrangeiros se recusarem a falar
sobre isso, a Rússia alcançará a libertação dos seus territórios
históricos pela via militar”, afirmou Putin.No
seu discurso, Zelensky acusou Moscovo de usar a diplomacia para
“encobrir o seu desejo de destruir a Ucrânia e os ucranianos” e “para
legitimar o roubo” dos territórios do seu país e não só.O
Presidente ucraniano sugeriu que, com base no mesmo argumento de Putin,
Moscovo poderá atacar os territórios de outros países europeus que “um
dia reivindique como as suas chamadas terras históricas".Nesse
sentido, referiu-se à reunião do Conselho Europeu agendada para
quinta-feira em Bruxelas, onde os 27 Estados-membros da União Europeia
(UE) deverão decidir se utilizam os ativos congelados russos nas suas
jurisdições para continuar a financiar Kiev.Defendendo
que se trata de uma reunião “muito importante”, o líder ucraniano
alertou que “a Rússia precisa de perceber que o seu desejo de voltar a
travar uma guerra no próximo ano será inútil, porque a Ucrânia terá
apoio” dos seus parceiros europeus.“Isso
depende inteiramente da Europa, de a Europa tomar essa decisão”,
salientou o Presidente ucraniano, que é igualmente esperado na
quinta-feira em Bruxelas.Embora a maioria
dos países da UE seja favorável à utilização de ativos russos congelados
para financiar Kiev, a Bélgica, detentora da maior parte destes fundos,
opõe-se a esta medida por receio de repercussões legais caso a Rússia a
conteste judicialmente. A Comissão
Europeia propôs a emissão de nova dívida comum como alternativa para
continuar a cobrir as necessidades económicas da Ucrânia, uma fórmula
que encontra resistência em vários Estados-membros.Zelensky
afirmou ainda no seu discurso que espera que os seus enviados realizem
novas conversações esta semana com mediadores norte-americanos para
avançar para uma solução negociada para o conflito com a Rússia. A
administração norte-americana intensificou nas últimas semanas as
negociações de um acordo de paz entre Moscovo e Kiev mais os seus
aliados europeus, a partir de um plano que, na sua versão inicial,
correspondia a várias das exigências do Kremlin.As
partes continuam longe de um entendimento, sobretudo devido à recusa de
concessões territoriais da Ucrânia à Rússia, e também às garantias de
segurança internacionais a Kiev para prevenir uma nova agressão de
Moscovo em caso de um acordo.