Zelensky acusa Rússia de deixar mundo “à beira de catástrofe” ao ocupar Chernobyl

Ucrânia

27 de abr. de 2022, 12:01 — Lusa/AO Online

“O mundo esteve mais uma vez à beira de uma catástrofe, porque para o Exército russo a zona de Chernobyl e a antiga central nuclear eram como um território normal para a condução de operações militares”, realçou o chefe de Estado ucraniano, durante uma conferência de imprensa conjunta com o responsável da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Rossi.Segundo Volodymyr Zelensky, os militares russos não se “preocuparam com a segurança nuclear” e mantiveram no território da central “um contingente de veículos blindados que estavam a destruir o solo e a levantar uma quantidade extraordinária de poeiras, especialmente partículas radiativas”."Nenhum Estado no mundo, desde 1986, criou ameaças de grande escala à segurança nuclear na Europa e no mundo como a Rússia criou desde 24 de fevereiro”, vincou o Presidente ucraniano.Um reator de Chernobyl explodiu em 1986 contaminando grande parte da Europa, mas especialmente a Ucrânia, a Rússia e a Bielorrússia, que integravam a URSS. Denominada zona de exclusão, o território num raio de 30 quilómetros em redor da central ainda está fortemente contaminado e é proibido viver lá permanentemente.O diretor-geral da AIEA também referiu hoje, durante uma visita ao local, que a ocupação da central nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, pelo exército russo, entre 24 de fevereiro e final de março, foi "muito, muito perigosa"."A situação era absolutamente anormal e muito, muito perigosa", afirmou Rafael Grossi em declarações aos jornalistas durante uma visita a Chernobyl, no dia em que se assinalam 36 anos do pior desastre nuclear da história, ocorrido em 1986.O diretor-geral da AIEA foi acompanhado na visita ao local por uma equipa de especialistas "para entregar equipamentos vitais", incluindo dosímetros e fatos de proteção, e realizar "controlos radiológicos e outros", informou a agência da ONU na passada sexta-feira.Rafael Grossi já tinha visitado a Ucrânia no final de março para lançar as bases para um acordo de assistência técnica, tendo na altura visitado a central elétrica do sul de Yuzhno-Ukrainsk, antes de se encontrar com altos funcionários russos em Kaliningrado, nas margens do Báltico.A Ucrânia tem 15 reatores nucleares em quatro centrais elétricas em funcionamento, além de depósitos de resíduos, como é o caso da central de Chernobyl, que foi desativada depois do desastre de 1986.As forças russas retiraram-se da central de Chernobyl no final de março, mas ainda continuam a ocupar a de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia.Por isso, Zelensky apelou hoje novamente aos líderes estrangeiros para uma "uma resposta efetiva" que assegure o controlo ucraniano sobre a central nuclear de Zaporizhzhia, inclusive através da introdução de forças de paz.“Eles [forças russas] lançaram hoje, mais uma vez, três mísseis contra a Ucrânia que voaram diretamente sobre os reatores das nossas centrais nucleares”, alertou ainda.