Autor: Lusa/AO Online
“Continuamos abertos à diplomacia e ao diálogo com a Coreia do Norte” para encerrar o seu programa nuclear, disse à imprensa o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price.
De acordo com Ned Price, os Estados Unidos, no entanto, têm “a obrigação de responder às recentes provocações” da República Popular Democrática da Coreia e, em particular, aos dois novos lançamentos de mísseis balísticos.
O anúncio de Kim Jong-un confirma que “a Coreia do Norte representa uma ameaça à paz e segurança internacionais e ao protocolo de não proliferação” de armas nucleares, acrescentou.
O líder norte-coreano anunciou planos para "fortalecer e expandir" o armamento nuclear do seu país, durante um desfile militar em Pyongyang, informaram hoje os ‘media’ estatais.
Apesar das severas sanções internacionais, a Coreia do Norte está a intensificar os esforços para modernizar o exército e desde o início deste ano que tem testado armas proibidas por tratados internacionais.
Vestido com um uniforme militar branco, o líder norte-coreano participou num desfile de tanques, lançadores de foguetes e mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs), na segunda-feira, em Pyongyang.
O desfile foi realizado no âmbito das comemorações do 90º aniversário do Exército Revolucionário do Povo Coreano.
"Continuaremos a tomar medidas para fortalecer e desenvolver as capacidades nucleares da nossa nação, em ritmo acelerado", disse Kim Jong-un, cujos comentários foram divulgados pela agência de notícias norte-coreana KCNA.
As várias conversas diplomáticas destinadas a convencer o líder a desistir dos testes balísticos estão paralisadas desde 2019, após uma reunião entre Kim Jong-un e o então Presidente dos EUA, Donald Trump.
Na segunda-feira, o líder norte-coreano avisou que poderá utilizar o seu arsenal nuclear se os "interesses fundamentais" da Coreia do Norte forem ameaçados, acrescentando que os mísseis que estão a ser testados têm uma função dissuasora.
Imagens de satélite mostraram sinais de atividade num túnel no local de Punggye-ri, que a Coreia do Norte diz ter sido demolido em 2018 antes da primeira cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un.
Os comentários feitos esta semana pelo líder norte-coreano sobre armas nucleares têm em vista o novo Presidente eleito da Coreia do Sul, o conservador Yoon Suk-yeol, que assume o cargo em 10 de maio, de acordo com vários analistas.
Cheong Seong-chang, investigador sénior do Instituto Sejong, considera que Kim pode ter enviado uma mensagem codificada quando vestiu o seu uniforme branco com a estrela de marechal - a mais alta patente militar da Coreia.
"Simboliza a sua posição forte em relação ao futuro Governo de Yoon Suk-yeol, que identificou o Norte como o seu inimigo e disse que está a admitir desenvolver a capacidade de lançar ataques preventivos", explicou o académico.
A Coreia do Norte anunciou em 25
de março que lançara no dia anterior, pela primeira vez, um "míssil
gigante", publicando fotos e vídeos em que Kim Jong-un aparece a
supervisionar o teste, de forma muito estudada.