Vulcão nas Canárias mantém uma atividade intensa um mês depois da primeira erupção
19 de out. de 2021, 15:59
— Lusa/AO Online
Apesar
de segunda-feira ter sido um dia sem incidentes, as autoridades
alertaram em comunicado que, dada a previsão da chegada ao mar de uma
frente ativa de lava, e da provável emissão de mais gazes nocivos para a
saúde se poderia ordenar o confinamento da população em áreas próximas.Este
rio de lava acabou por, nas últimas horas, desacelerar a sua velocidade
para apenas dois metros por hora adiando por mais alguns dias o seu
contacto com as águas do Oceano Atlântico.Há
sinais de alguma normalização na vida do dia a dia, com as autoridades
responsáveis pela Educação nas Ilhas Canárias a permitir que as aulas
nas escolas fossem retomadas na segunda-feira nos municípios mais
afetados pelo vulcão (Tazacorte, Los Llanos de Aridane e El Paso), com
um número de alunos superior a 90 por cento. A
ilha de La Palma converteu-se neste mês num dos locais mais observado
em todo o mundo, com os cientistas a aprofundar o seu conhecimento sobre
a evolução do planeta.Foi um mês sem
descanso para a população da ilha, confrontada com uma catástrofe social
e económica, sendo no entanto um alívio o facto de não ter havido até
agora qualquer vítima mortal motivado pela atividade do vulcão e a
solidariedade, assim como a erupção, ter sido uma constante. Um
mês após o início da erupção, ocorreu este fim de semana o terramoto de
maior magnitude (4,6), a 37 quilómetros de profundidade, circunstância
que, segundo o Plano de Emergência Vulcânica da Ilhas Canárias (Pevolca)
é possível que se repita.A área de
terrenos destruída pelo vulcão de La Palma é de 811,8 hectares, segundo
os últimos números divulgados na segunda-feira pelo sistema de satélites
Copernicus da União Europeia.Por outro
lado, estima-se em 1.956 o números de edifícios destruídos e o número de
quilómetros de estradas afetadas é de 64,3, dos quais 60,5 estão
totalmente destruídas.O presidente da
comunidade autónoma espanhola das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres,
disse no domingo que não acredita que "o fim da erupção em La Palma está
iminente", apesar do facto de "o maior desejo de todos" ser que "este
vulcão termine rapidamente".Segundo os
cientistas, a possibilidade da erupção enfraquecer "não está perto", uma
vez que ainda existem deformações na área do cone do vulcão, não sendo
de excluir totalmente que possa haver novas saídas de lava."Estamos
à mercê do vulcão, é o único que pode decidir quando ele termina",
salientou o presidente das Canárias, que assegurou que "o maior desejo"
do arquipélago, neste momento, é que a força do vulcão comece a
enfraquecer.A atividade sísmica associada à
erupção vulcânica em La Palma continua ativa com várias dezenas de
tremores de terra a regista-se diariamente, alguns deles a serem sentido
pela população da ilha.Mesmo assim, o
comité científico, que aconselha as autoridades que acompanham a
situação, atribui esta atividade sísmica à realimentação do vulcão em
camadas profundas de terra e exclui, de momento, a possibilidade do
aparecimento de novas bocas eruptivas nas áreas onde estes tremores
estão a ocorrer a grandes profundidades.Uma
semana antes da primeira erupção, uma atividade sísmica intensa começou
a ser registada na ilha, o que já tinha acontecido nove vezes desde
2017.A 14 de setembro, o Instituto
Nacional Geográfico espanhol (IGN) contou 3.000 eventos sísmicos, 700
dos quais em profundidades entre 9 e 12 quilómetros, com a população a
ficar cada vez mais preocupada com a possibilidade de uma possível
erupção vulcânica.A 19 de setembro começou
a ser claro para as autoridades que a atividade sísmica correspondia a
uma fase pré-eruptiva e foi iniciada a evacuação preventiva de pessoas
com mobilidade reduzida nos núcleos em risco.Nesse
dia às 15:13 locais (a mesma hora em Lisboa) começa a erupção vulcânica
em Cumbre Vieja, na ilha de La Palma, numa zona despovoada, em Cabeza
de Vaca, município de El Paso.Esta é a oitava erupção em La Palma desde que foram mantidos registos históricos e a décima sétima nas Ilhas Canárias.Nos
primeiros dias foram retiradas 5.000 pessoas e uma dúzia de casas foram
destruídas pela lava do vulcão que avançava para oeste a 700 metros por
hora. O primeiro-ministro espanhol, Pedro
Sánchez, atrasa a partida para Nova Iorque, para participar na
assembleia anual da ONU (Nações Unidas), e viaja para La Palma onde
garante que toda a Espanha está com a população da ilha e empenhada na
sua reconstrução.A 23 de setembro, os reis
de Espanha, Felipe VI e Letízia, visitam La Palma e expressam a sua
solidariedade, especialmente com os deslocados e no dia seguinte Pedro
Sánchez anuncia um plano especial para a reconstrução de La Palma e
ajuda imediata para satisfazer as necessidades habitacionais, comprar
bens de primeira necessidade e restabelecer as comunicações.Durante
o mês em que está ativo, o vulcão tem-se reativado várias vezes com
diferentes graus de atividades explosiva e emissão de gazes tóxicos e
cinzas, com mais evacuações a acontecer, umas atrás das outras.As
companhias de transportes aéreos suspendem por vezes as suas operações
em La Palma por causa das cinzas ou nos dias em que o aeroporto está
encerrado.Em 28 de setembro, o Conselho de
Ministros espanhol declara La Palma uma zona de catástrofe e aprova os
primeiros socorros de 10,5 milhões de euros para a compra de casas e
pertences para as vítimas. Segundo
cálculos feitos pelo Instituto Vulcanológico das Ilhas Canárias
(Involcan), a erupção vulcânica de Cumbre Vieja poderia durar entre 24 e
84 dias, com uma média geométrica de cerca de 55 dias.O
instituto explicou que a duração da erupção é uma das perguntas que os
especialistas fazem frequentemente e, embora não seja fácil de
responder, pode ser calculada utilizando os dados conhecidos sobre a
duração das erupções históricas que ocorreram na ilha de La Palma.Com
esses dados, Involcan calcula que a erupção atual, que começou no
domingo 19 de setembro, poderia durar uma média de 55 dias, com um
máximo de 84 dias e um mínimo, já ultrapassado, de 24.