Voos cancelados nas Filipinas retêm portugueses residentes em Macau
Vírus
3 de fev. de 2020, 12:43
— Lusa/AO Online
“No
nosso voo para Macau estavam, no mínimo, 12 portugueses”, disse à Lusa
Liliana Lino, residente em Macau de 30 anos, que tinha o voo agendado no
domingo através de Clark, a cerca de 100 quilómetros da capital,
Manila.Liliana encontrava-se de férias com
mais dois amigos portugueses, também residentes em Macau, e já tinha
sido notificada pela companhia aérea “que os voos para Macau, Hong Kong e
China continental iam ser reduzidos a partir de dia 03 de fevereiro”.
Por isso “estava descansada”, frisou a designer de interiores.Só
que no domingo um homem de nacionalidade chinesa morreu nas Filipinas
vítima de uma pneumonia causada pelo coronavírus de Wuhan, a primeira
morte registada fora da China. Facto que levou as autoridades filipinas a
‘apertarem’ ainda mais as medidas de segurança, que inclui, por
exemplo, a proibição de todos os estrangeiros que chegam da China.Também
Tiago Miranda, jurista português residente em Macau, que foi às
Filipinas com a namorada “aproveitar alguns feriados e fugir à confusão
geralmente instaurada durante o período do Ano Novo Chinês”, viu o seu
voo ser cancelado no domingo.Os dois
partiram de Macau, no dia 24 de janeiro, “vestidos a rigor com máscara
na cara e pulverizados de desinfetante”, contou à Lusa.“A
ida correu conforme planeado, embora tenhamos sentido alguns cuidados
redobrados no aeroporto - a esmagadora maioria das pessoas usava máscara
e mediram-nos a febre à entrada do controlo de bagagem”, disse,
acrescentando ainda que à chegada a Cebu, Filipinas, foram avaliados por
uma máquina que media a temperatura. No
dia do suposto regresso, iam apanhar o avião de Manila com destino a
Macau e foram “informados pela companhia aérea de que todos os voos
tinham sido cancelados a partir daquele momento, sem quaisquer
perspetivas de retomar o normal funcionamento”.
“Fomos então aconselhados pela própria companhia aérea a procurar voos
noutras companhias cujo funcionamento ainda não tinha sido afetado, à
medida que a confusão no aeroporto se instalava e as alternativas de
voos reduziam drasticamente (enquanto os preços disparavam a cada
minuto)”, afirmou o jurista português de 27 anos.Liliana
conseguiu arranjar um voo para Macau na madrugada de quarta-feira, a
partir de Manila, e assim como Tiago esperam poder regressar ao
trabalho, que já foi adiado pelo menos dois dias devido a estes
constrangimentos.A esperança é que o voo
“não seja cancelado em cima da hora novamente”, apontou Liliana, ideia
corroborada por Tiago: “esperamos que tudo decorra sem mais imprevistos
daqui em diante neste tão aguardado regresso a Macau”.Em
conferência de imprensa, o Governo de Macau disse ter recebido quatro
pedidos, oito pessoas, de ajuda de residentes de Macau que se encontram
retidos nas Filipinas, mas nenhum desses pedidos são de nacionalidade
portuguesa. As autoridades de Macau
anunciaram no domingo o oitavo caso de novo coronavírus no território, o
primeiro caso de infeção de um habitante de Macau, já que todos os
outros contaminados pelo vírus são da cidade chinesa de Wuhan, centro do
surto.