Von der Leyen insta Israel a levantar bloqueio severo de ajuda que dura há 11 semanas
Médio Oriente
27 de mai. de 2025, 11:52
— Lusa/AO Online
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, teve
uma conversa telefónica com o rei Abdullah II da Jordânia, com quem
debateu o “agravamento da situação humanitária em Gaza, que entra agora
na sua 11.ª semana sob um bloqueio severo”, indicou o executivo
comunitário em comunicado.Citada pela
nota, Ursula von der Leyen argumentou: “A Comissão Europeia sempre
apoiou - e continuará a apoiar - o direito de Israel à segurança e à
autodefesa, mas esta escalada e o uso desproporcionado da força contra
civis não podem ser justificados ao abrigo do direito humanitário e
internacional”.Por isso, “Israel tem de
restabelecer imediatamente a prestação de ajuda, em conformidade com os
princípios humanitários, com a participação da ONU [Organização das
Nações Unidas] e de outros parceiros humanitários internacionais”,
instou a responsável.Para Ursula von der
Leyen, “a expansão das operações militares de Israel em Gaza, que visam
infraestruturas civis, entre as quais uma escola que servia de abrigo a
famílias palestinianas deslocadas, matando civis, incluindo crianças, é
abominável”.A responsável não só pediu que
o Governo israelita “ponha imediatamente termo à atual escalada”, como
exortou também o grupo islamita palestiniana Hamas a “libertar
imediatamente e sem demora os restantes reféns cruelmente detidos desde
07 de outubro de 2023”.Ursula von der
Leyen tem enfrentado sérias críticas na União Europeia (UE) pela sua
posição face ao conflito em Gaza, especialmente devido à sua resposta
inicial considerada parcial e ao seu silêncio perante alegadas violações
do direito internacional por parte de Israel.Questionada
minutos antes sobre o posicionamento da responsável na conferência de
imprensa diária da instituição, a porta-voz da Comissão Europeia, Paula
Pinho, garantiu que Ursula von der Leyen “está muito preocupada com a
gravidade da situação em Gaza”.“Isso
também faz parte do contexto da chamada com o rei da Jordânia, dado
também o papel da Jordânia na região”, adiantou a porta-voz, em
declarações em Bruxelas.Sob pressão dos
aliados, Israel começou a permitir a entrada de ajuda humanitária em
Gaza na semana passada, depois de ter bloqueado a entrada de alimentos,
medicamentos, combustível e outros bens desde o início de março. Os
grupos de ajuda humanitária alertaram para a fome e dizem que a ajuda
recebida está muito longe de satisfazer as necessidades crescentes.Outros
líderes da UE têm sido mais vocais em condenar a situação humanitária
em Gaza, causada pelos entraves israelitas à ajuda humanitária e aos
constantes bombardeamentos das forças de Israel, que já mataram milhares
de civis.Na segunda-feira, o presidente
do Conselho Europeu, António Costa, manifestou, numa chamada com o
presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, “graves
preocupações relativamente à situação humanitária catastrófica em Gaza”,
exortando Israel a permitir acesso imediato a assistência.A
guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do Hamas em solo
israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e
mais de duas centenas de reféns.Após o
ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na
Faixa de Gaza, que já provocou quase 54 mil mortos, na maioria civis, e
um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio
Oriente.