"Vomitamos em todos os que de repente são nossos amigos"
Um cartoonista holandês do jornal Charlie Hebdo ironizou sobre os "novos amigos" do semanário satírico francês, comentando a onda de solidariedade gerada após os atentados de Paris.

Autor: Lusa/AO online

“Temos muitos amigos novos, como o Papa, a rainha Isabel II e [o presidente russo] Putin. Isso faz-me rir”, disse Bernard Holtrop, que assina os seus cartoons como Willem, em declarações ao jornal holandês de centro esquerda Volkskrant.

O cartoonista afirmou ainda que a líder da Frente Nacional, Marine de Len, terá ficado satisfeita quando os atacantes começaram a disparar no Charlie Hebdo, no atentado que na quarta-feira fez 12 mortos.

“Vomitamos em todos os que de repente dizem que são nossos amigos”, declarou o cartoonista residente em Paris e que também desenha para o diário francês Liberation.

Comentando as manifestações de apoio global desde o atentado de quarta-feira, disse: “Eles nunca viram o Charlie Hebdo”.

“Há uns anos, milhares de pessoas saíram às ruas no Paquistão para se manifestarem contra o Charlie Hebdo. Não sabiam o que era. Agora, é o contrário. Mas se as pessoas se estão a manifestar para defender a liberdade de expressão, naturalmente é uma coisa boa”, disse.

Willem viajava de comboio quando soube do ataque ao jornal Charlie Hebdo, onde entraram dois homens armados enquanto decorria a reunião editorial.

“Nunca vou às reuniões editoriais porque não gosto delas. Acho que isso salvou a minha vida”, afirmou.

Na quarta-feira, o atentado terrorista contra o jornal Charlie Hebdo provocou 12 mortos. Seguiu-se na quinta-feira o assassínio de uma agente da polícia municipal e na sexta-feira uma tomada de reféns num supermercado ‘kosher’ (judeu), onde morreram quatro pessoas.

Os suspeitos de autoria destes ataques acabaram por morrer durante as operações policiais.