Autor: Lusa/AO Online
“A grande expectativa social e política é vermos como é que esta configuração, dadas estas novas forças políticas, esta aritmética e estes novos pesos eleitorais de cada um dos partidos, como é que isso se vai transformar em soluções governativas, seja à esquerda, seja à direita”, afirmou Teresa Ruel, investigadora e professora de ciência política do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa.
Nas eleições legislativas regionais dos Açores, que decorreram no domingo, com 13 forças políticas candidatas aos 57 lugares da Assembleia Legislativa Regional, o PS venceu, mas perdeu a maioria absoluta que tinha no parlamento da região desde 2000.
Em declarações à agência Lusa, Teresa Ruel considerou que “é evidente” a mudança na configuração do parlamento açoriano, destacando a perda de mandatos por parte do PS, do CDS e do PCP-PEV, que perdeu representação parlamentar, e o ganho de deputados eleitos por parte do PSD, do Chega, do Iniciativa Liberal e do PAN.
“Por esta nova circunstância de o PS ter perdido a sua vantagem em termos governativos, em termos de poder na região, vai acabar por ter de negociar alguma estabilidade com os outros partidos, não sabemos bem ainda onde e por que caminho essa negociação ou essa estabilidade vai seguir”, explicou a investigadora e doutorada em Ciência Política.
Teresa Ruel reforçou que a governação nos Açores é “um cenário em aberto”, em que se pode “equacionar a possibilidade da direita poder formar também Governo e apresentar uma solução governativa distinta à existente”.
“Apesar de tudo, está tudo em aberto, independentemente de o PS ter ganho as eleições, também já nos habituamos que não há formas governativas estanques”, frisou.
Sobre a entrada de novas forças políticas no parlamento açoriano, designadamente o Chega, o Iniciativa Liberal e o PAN, a professora de Ciência Política defendeu que “é muito o resultado daquilo que é o funcionamento e os efeitos do sistema eleitoral dos Açores, nomeadamente através do círculo de compensação”.
“O que é significativo é que todos perderam votos e o que ganhou, recuperou votação, foi apenas o PSD, à exceção do Chega, do Iniciativa Liberal e do PAN que ganharam votos e ganharam representação, mas todos os partidos tradicionais e do sistema até ao momento - BE, PCP, CDS e PS, todos perderam votos e alguns deles perderam representação, no caso do CDS perdeu um deputado, o PCP acabou por ver subtraída a representação existente”, sistematizou Teresa Ruel.
Sem fazer futurologia sobre como será a mudança na configuração do parlamento açoriano, a professora de Ciência Política defendeu que “o positivo é que foram eleitos representantes que o povo assim considerou”.
“É aquele que é o rescaldo das preferências eleitorais dos cidadãos e isso é positivo, a democracia é isso mesmo”, afirmou.
“Do
ponto de vista do que será o exercício do cargo, teremos de esperar
para ver nos próximos quatro anos, temos a assunção que a legislatura é
de quatro anos, não sabemos se a legislatura será cumprida, não sabemos
ainda qual será o Governo que sairá destas eleições, sabemos apenas os
resultados ainda que provisórios de uma noite eleitoral”, apontou Teresa
Ruel.