Vítimas de tráfico de seres humanos isentas de taxas moderadoras
23 de mai. de 2018, 15:29
— Lusa/ AO online
O apoio para a
autonomização das vítimas de tráfico de seres humanos foi anunciado esta quarta-feira
pela secretária de Estado da Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, no
decorrer do seminário “Tráfico de Seres Humanos – Intervenção com
Vítimas”, em Lisboa.De
acordo com a governante, está previsto que já a partir deste ano,
enquadrado no novo Plano Nacional contra o tráfico de seres humanos, as
vítimas deste crime passem a ter direito a um apoio financeiro para a
sua autonomização, tal como já acontece com as vítimas de violência
doméstica.De
acordo com a informação enviada à agência Lusa, estão previstos 32.200
euros, através dos jogos sociais, para o desenvolvimento de medidas de
autonomização, verba que será distribuída consoante os projetos e que
tanto poderá servir para pagar a renda de uma casa, como para tirar a
carta de condução ou para regressar ao país com a família.“Há
aspetos que estavam de facto a descoberto e por isso mesmo decidimos
que era importante fazer este investimento com esta verba de
autonomização, que vamos utilizar das verbas dos jogos sociais
precisamente para responder a esta necessidade, para apoiar a sua
capacitação e a sua fase de transição e de reorganização da vida”,
explicou a secretária de Estado.Rosa
Monteiro adiantou que há um “conjunto de aspetos” que precisam ser
revistos no sentido de reforçar os direitos das vítimas de tráfico de
seres humanos e que estão incluídos no novo plano, previsto para avançar
ainda neste ano.À
Lusa, o gabinete da secretária de Estado adiantou que o novo Plano
Nacional contra o Tráfico de Seres Humanos contempla a isenção do
pagamento de taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde e a
gratuitidade dos procedimentos, bem como a isenção das taxas e
emolumentos no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).A
secretária de Estado frisou também que, além da proteção das vítimas, o
novo plano aposta nos mecanismos de deteção e combate ao fenómeno.No
decorrer do seminário, a governante salientou que o tráfico de seres
humanos é uma das atividades criminosas mais lucrativas e que está
associada a formas extremas de violência, nomeadamente exploração
sexual, servidão doméstica ou casamentos forçados.Para
Rosa Monteiro, este é um tipo de crime que tem uma dimensão de género,
já que são sobretudo as mulheres e as raparigas as mais afetadas, o que
obriga a olhar de outra forma para a vítima.Apontou
que o “flagelo do tráfico” assume formas cada vez mais “diversificadas,
complexas e sofisticadas”, o que “implica uma orientação estratégica
muito alinhada com a agenda 2030 das Nações Unidas”.Nesse
sentido, defendeu que é preciso criar uma política de segurança
coordenada e eficaz, responder aos principais riscos internos e externos
e assegurar uma proteção eficaz das vítimas.Anunciou
ainda que, dentro do novo plano, está previsto um estudo sobre a
dimensão de género do fenómeno, muitas ações de formação e a promoção da
luta contra as redes de crime organizado, com o desmantelamento dos
modelos de negócio e das cadeias de tráfico.