“Vir para os Açores foi o melhor passo que dei na minha carreira”
10 de dez. de 2025, 17:15
— André Medina
De regresso aos Açores, 15 anos depois, o treinador Vítor Pereira
confessou que a vinda para o Santa Clara - na época 2008/09 - foi o
melhor passo que poderia ter dado na sua carreira de treinador.“[Vir
para os Açores ] acho que foi o melhor passo que dei na minha carreira,
porque foi a minha primeira saída e aquela que mais me marcou pelo
positivo”, referiu o treinador de 57 anos em declarações prestadas à
comunicação social, à margem da ação de formação contínua para
treinadores de futebol, promovida pela Associação de Futebol de Ponta
Delgada (AFPD), onde apelou à “coragem” do treinador açoriano, que
considerou ter muita qualidade.“Essencialmente, [falta] coragem.
Coragem de sair da zona de conforto e ir para o mundo, sair daqui. Claro
que o ponto de partida aqui é bom, mas às vezes é preciso sair da zona
de conforto e arriscar”, realçou Pereira, lembrando quando decidiu
“correr o risco” e assinar pelo Santa Clara.“Quando me tornei
profissional, foi para assinar pelo Santa Clara. Nessa altura tinha três
filhos e foi um risco grande.Foi um sacrifício muito grande da minha
família, mas é a única forma. A única forma é, de facto, arriscar, sair e
acreditar. Acreditar nas ideias, no trabalho e ir à luta”, enfatizou.Depois
da componente teórica da ação de formação, que decorreu no passado dia 6
de dezembro (sábado), no auditório da sede da AFPD, intitulado “A
construção e desconstrução do modelo de jogo do treinador”, o
conceituado técnico português, bicampeão nacional ao serviço
doFCPorto, promoveu, no dia seguinte (7), um workshop intitulado “A
arte de simplificar sem subtrair”, no Estádio Municipal Jácome Correia,
onde contou com a “ajuda” de uma seleção de jogadores convocados pela
AFPD.Sobre os dois anos em que esteve no comando técnico dos
“encarnados” de Ponta Delgada, Vítor Pereira recorda a “mágoa” de não
ter conseguido a promoção com o Santa Clara, mas realçou as boas
memórias que carrega da sua passagem pelos Açores.“[Não ter
conseguido a promoção] foi das maiores mágoas da minha carreira, porque
estivemos tão perto, mas agarro-me às coisas positivas. Foram dois
anos maravilhosos da minha vida, em que o ambiente era excecional.
Tratavam-me como se fosse família e isso não tem preço”, revelou o
treinador, acrescentando que o Santa Clara, “um dos clubes do seu
coração”, está “bem entregue”.Depois de terminar a sua mais recente
experiência profissional, nos ingleses do Wolverhampton - um registo de
14 vitórias em 38 partidas -, Vítor Pereira descartou a possibilidade de
regressar a Portugal, confessando que o seu objetivo passa por
regressar, o mais depressa possível, ao futebol inglês.“Acho difícil
[voltar a treinar em Portugal]. Pode acontecer, mas, sinceramente, não
acredito. Hoje estou muito mais tranquilo, porque fiz uma carreira e
continuo a ter as minhas ambições. Estava em Inglaterra e quero voltar,
porque é um desafio espetacular”, explicou.Recorde-se que, depois da
primeira experiência profissional no Santa Clara, na II Liga, Vítor
Pereira percorreu os “quatro cantos do mundo”, contando com passagens
por FC Porto (Portugal), Al-Ahli e Al Shabab (Arábia Saudita),
Olympiakos (Grécia), Fenerbahçe (Turquia), TSV 1860 München (Alemanha),
Shanghai Port (China) - onde se sagrou campeão -, Corithians e Flamengo
(Brasil) e, por fim, Wolverhampton (Inglaterra).