Violência e assédio no trabalho já afetaram mais de um em cada cinco empregados no mundo
6 de dez. de 2022, 13:01
— Lusa/AO Online
O
relatório “Experiências de violência e assédio no trabalho: uma primeira
pesquisa global”, o primeiro do género, resulta do trabalho conjunto da
OIT, da Lloyd's Register Foundation (LRF) e da Gallup. A
nível global, 17,9% por cento dos trabalhadores e trabalhadoras
afirmaram ter sofrido violência e assédio psicológicos durante a sua
vida profissional, enquanto 8,5% indicaram terem sido vítimas de
violência ou de assédio físico (mais homens) e 6,3% relataram ter
enfrentado violência e assédio sexual (sobretudo mulheres).Com
o “objetivo de melhorar a compreensão e consciência de um problema
enraizado em complexos fatores económicos, sociais e culturais”, foram
entrevistadas em 2021 perto de 75.000 pessoas empregadas, com mais de 15
anos, em 121 países e territórios.Além de
dar uma ideia da dimensão do problema e das suas diferentes formas, o
relatório analisa igualmente “os fatores que impedem que as pessoas
falem sobre as suas experiências, nomeadamente a vergonha, culpa ou
falta de confiança nas instituições, ou porque tais comportamentos
inaceitáveis são considerados normais’”, refere o comunicado de
divulgação do estudo.“Em todo o mundo,
apenas metade das vítimas falou com outra pessoa sobre as suas
experiências e muitas vezes apenas depois de terem sofrido mais do que
uma forma de violência e assédio”, adianta. Considerá-lo
“uma perda de tempo” e “o receio de manchar a sua reputação” foram as
respostas mais comuns para justificar o silêncio.Ainda assim, as mulheres são mais propensas a partilhar as experiências do que os homens (60,7% e 50,1% respetivamente). O
estudo revela que os trabalhadores jovens, os migrantes, bem como
homens e mulheres que trabalham por conta de outrem são os grupos mais
afetados.“As mulheres jovens são duas
vezes mais suscetíveis do que os homens jovens de ser vítimas de assédio
e violência sexual, sendo que no caso das mulheres migrantes a
probabilidade é duas vezes superior à das outras mulheres”. Mais
do que três em cada cinco vítimas relatou ter sofrido violência e
assédio no trabalho múltiplas vezes e, na grande maioria dos casos, o
último incidente ocorreu nos últimos cinco anos.“É
doloroso saber que as pessoas são vítimas de violência e assédio no
trabalho não apenas uma, mas múltiplas vezes, durante a sua vida
profissional”, afirma Manuela Tomei, diretora-geral adjunta para a
Governança, Direitos e Diálogo da OIT, citada no comunicado.Recolher
regularmente informação sobre violência e assédio no trabalho, ampliar e
atualizar mecanismos para prevenir e gerir o problema (nomeadamente
através dos sistemas de inspeção e de instrumentos e programas de saúde e
segurança no trabalho), aumentar a consciencialização e reforçar a
capacidade das instituições “a todos os níveis de forma a prevenir,
corrigir e apoiar efetivamente as pessoas” são algumas das recomendações
apresentadas no relatório. “Durante
demasiado tempo, as empresas e as instituições não estavam cientes do
problema ou tinham reticências em combater a violência e o assédio no
local de trabalho. Estas estatísticas fornecem uma base de referência
que podemos usar para alcançar os progressos necessários em relação a
este problema que é uma questão de segurança”, indica Andrew Rzepa, da
Gallup.