Violas de arame de Portugal e do Brasil "fazem-se ouvir" em aldeia de Odemira
8 de nov. de 2018, 20:00
— Lusa/AO Online
O
8.º Encontro de Violas de Arame, organizado pelo Centro de Valorização
da Viola Campaniça e do Cante de Improviso, vai juntar no mesmo ‘palco’,
na aldeia de S. Martinho das Amoreiras, as violas campaniça (Alentejo),
braguesa (Minho), beiroa (Beira Baixa), de arame (Madeira), da terra
(Açores) e caipira (Minas Gerais/Brasil).“Vamos
receber outros ‘parentes’ da viola campaniça, violas tradicionais de
outras regiões do país e de outros países onde existem violas que são a
mesma, mas que foram sendo transformadas pelo povo, sendo cada uma
distinta da outra” e “mantendo a sua originalidade”, explicou hoje à
agência Lusa Pedro Mestre, coordenador do centro de valorização.No
encontro, que tem lugar no sábado e no domingo, indicou, vão estar em
destaque violas tradicionais portuguesas desconhecidas da maioria do
público que, ao longo dos anos, têm vindo a ser “preservadas” com “o
sacrifício de algumas pessoas que as mantêm por herança familiar” ou
graças ao “trabalho mais teórico do ensino”.“Há
uma série de violas tradicionais portuguesas que a maioria das pessoas
não conhece e é esta realidade que pretendemos promover, além de dar a
conhecer o trabalho que é desenvolvido pelo Centro de Valorização da
Viola Campaniça e do Cante de Improviso”, salientou.Durante
dois dias, a aldeia do interior do concelho de Odemira, no litoral
alentejano, vai “ganhar vida” com músicos, etnógrafos e curiosos
interessados na música tradicional portuguesa, que vão discutir “o que
poderá acontecer com estes cordofones” e “o que fazer para que se
mantenham vivos” no futuro.“Há
violas que têm um trabalho recente de salvaguarda, como a viola beiroa
(Beira Baixa), um instrumento de que até há cerca de cinco anos não se
ouvia falar, a braguesa (Minho), que foi adaptada pelas Tunas
Académicas, e todas as outras violas muito pelo esforço dos tocadores”,
realçou.Neste
contexto, assinalou, a viola campaniça, no Alentejo, “goza de boa
saúde”, depois de ter passado por um período de “quase extinção”.“Hoje
já não conseguimos ter noção da quantidade de pessoas que a tocam, nem
das localidades que têm grupos com viola campaniça”, afirmou Pedro
Mestre, frisando que já é mesmo “das violas mais vendidas no país”.O
evento deste fim de semana, que decorre pela primeira vez em Odemira e
inclui o V Encontro de Tocadores de Viola Campaniça, tem tido “um papel
importante na salvaguarda dos cordofones”, sublinhou o organizador.“O
trabalho de cada um estimula o outro a continuar, e dá entusiasmo para
que se possam desenvolver iniciativas e para que, a partir de entidades
estruturadas, possa ter lugar o ensino [dedicado a estes instrumentos]”,
acrescentou.O
programa de sábado inclui uma mesa redonda de apresentação das violas
de arame, dedilhadas pelos tocadores Pedro Mestre e Carlos Loução, José
Barros, Ricardo Fonseca, Vítor Sardinha, Bruno Bettencourt e Chico Lobo,
a inauguração de uma exposição de cordofones e um concerto de violas de
arame.O
segundo dia, domingo, integra oficinas de construção de violas de arame,
um encontro de cante de improviso, despique e baldão e um magusto.