VIH infeta uma criança a cada dois minutos no mundo
29 de nov. de 2021, 17:57
— Lusa/AO Online
Segundo
um relatório divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a
infância (Unicef), pelo menos 310.000 crianças foram infetadas com o VIH
em 2020, ou seja, uma em cada dois minutos. Outras 120.000 crianças morreram de causas relacionadas com a sida durante o mesmo período, ou seja, uma em cada cinco minutos.No
relatório adverte-se que a pandemia de Covid-19 está a aprofundar as
desigualdades que conduziram à epidemia da sida, colocando crianças
vulneráveis, adolescentes, mulheres grávidas e mães lactantes em risco
acrescido de faltarem a serviços de prevenção e tratamento do VIH que
salvam vidas."A epidemia do VIH entra na
sua quinta década no meio de uma pandemia global que tem sobrecarregado
os sistemas de saúde e restringido o acesso a serviços que salvam vidas.
Entretanto, o aumento da pobreza, as questões de saúde mental e os
abusos estão a aumentar o risco de infeção de crianças e mulheres",
disse a diretora executiva da Unicef, Henrietta Fore, citada num
comunicado da organização. A responsável
alerta que se não se aumentarem os esforços para resolver as
desigualdades por detrás da epidemia do VIH, agora exacerbadas pela
covid-19, mais crianças serão infetadas pelo VIH e mais crianças
perderão a sua luta contra a sida.Segundo o
relatório, duas em cada cinco crianças infetadas com o VIH em todo o
mundo não sabem que o estão e pouco mais de metade está a receber
tratamento antirretroviral (TARV). No
documento refere-se que muitos países registaram perturbações
significativas nos serviços de VIH devido à Covid-19 no início de 2020. Os
testes de despistagem do VIH em países de elevada carga diminuíram
entre 50 e 70% e as indicações de tratamento para crianças com menos de
14 anos diminuíram entre 25 e 50%. Os
confinamentos contribuíram para o aumento das taxas de infeção devido a
picos de violência baseada no género, acesso limitado a cuidados de
acompanhamento e esgotamento de bens essenciais, acrescenta-se no
relatório. Em 2020, a África subsaariana
foi responsável por 89% das novas infeções pediátricas por HIV e 88% das
crianças e adolescentes que vivem com o vírus no mundo estão naquela
região.Cerca de 88% das mortes de crianças relacionadas com a sida ocorreram na África subsaariana, conclui-se ainda no relatório.Além
disso, 15,4 milhões de crianças perderam um ou ambos os pais devido a
causas relacionadas com a sida no ano passado, três quartos das quais
(11,5 milhões) vivem na África subsaariana.