Veto do PR confirma apelo para que Governo se sente à mesa com sindicatos de professores
27 de dez. de 2018, 08:45
— Lusa/AO Online
“O Presidente
considera que o Orçamento do Estado obriga o Governo às negociações.
Isso é um facto”, afirmou a deputada do BE Joana Mortágua, em
declarações à Lusa.A
deputada considerou que a decisão do chefe de Estado, que hoje devolveu
ao executivo sem promulgação o decreto-lei relativo ao tempo de serviço
dos professores, “vem confirmar o apelo que tem existido para que o
Governo se sente à mesa com os sindicatos para encontrar uma solução”.“O
que entendemos é que, se foi possível negociar nos Açores e na Madeira,
não há razão para que não seja possível negociar também no Continente”,
defendeu, acusando o Governo de “ausência de vontade negocial e até de
arrogância” neste processo.Questionada
se este veto não deixa os professores, neste momento, sem qualquer
reposição, a deputada do BE considerou que não tem de ser assim.“Essa
decisão é exclusiva do Governo: se o Governo se sentar à mesa com base
numa primeira reposição imediata, continua a ter margem para negociar
depois o faseamento do restante tempo”, defendeu.Para
Joana Mortágua, o executivo tem “liberdade e margem” para negociar com
os professores a recuperação imediata dos dois anos, nove meses e 18
dias já previstos orçamentalmente.“O
Governo tem a responsabilidade de negociar com os professores uma
solução que garanta alguma recuperação imediata e o calendário para a
restante recuperação”, afirmou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou hoje o
diploma do Governo que prevê a recuperação parcial do tempo de serviço
dos professores por entender que a norma incluída pelos partidos no
Orçamento do Estado para 2019 obriga a que o diploma “seja objeto de
processo negocial”.“A
Lei do Orçamento do Estado para 2019, que entra em vigor no dia 01 de
janeiro, prevê, no seu artigo 17.º, que a matéria constante do presente
diploma seja objeto de processo negocial sindical”, refere.“Assim
sendo, e porque anteriores passos negociais foram dados antes da
aludida entrada em vigor, remeto, sem promulgação, nos termos do artigo
136.º, n.º 4 da Constituição, o diploma do Governo que mitiga os efeitos
do congelamento ocorrido entre 2011 e 2017 na carreira docente, para
que seja dado efetivo cumprimento ao disposto no citado artigo 17.º, a
partir do próximo dia 01 de janeiro de 2019”, acrescenta Marcelo Rebelo
de Sousa. No
Orçamento do Estado para 2019, PSD, CDS-PP, BE, PCP e Os Verdes
entenderam-se para aprovar – com o voto contra do PS - um artigo que
força o Governo a retomar as negociações, mas não para incluir no
documento as propostas de BE e PCP que estipulavam uma calendarização
para a recuperação integral do tempo de serviço dos professores.O
Governo aprovou em 20 de dezembro, em Conselho de Ministros, o
decreto-lei que prevê a recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias
de tempo congelado aos professores (em vez dos mais de nove anos
exigidos por esta classe profissional).A
aprovação do decreto-lei aconteceu dois dias após a última reunião
negocial entre as dez estruturas sindicais de professores e
representantes dos ministérios da Educação e das Finanças, que terminou
sem acordo.