Verão de 2023 foi o mais quente desde que há registos
14 de set. de 2023, 17:24
— Lusa
Os meses de junho, julho e
agosto, considerados verão meteorológico no Hemisfério Norte, foram 0,23
graus Celsius (ºC) mais quentes do que qualquer outro verão no registo
da NASA e 1,2ºC mais quentes do que o verão médio entre 1951 e 1980. Os cientistas da NASA concluíram que só o mês de agosto foi 1,2ºC mais quente do que a média. A
NASA refere que este novo recorde surge num momento em que um calor
excecional varreu grande parte do mundo, sendo agravado com incêndios
florestais mortais no Canadá e no Havai e ondas de calor na América do
Sul, Japão, Europa e Estados Unidos, que contribuíram simultaneamente
para a ocorrência de chuvas fortes em Itália, Grécia e Europa Central.“As
temperaturas recorde do verão de 2023 não são apenas um conjunto de
números - resultam em consequências terríveis no mundo real. Desde
temperaturas sufocantes no Arizona e em todo o país, aos incêndios
florestais no Canadá e inundações extremas na Europa e na Ásia, o clima
extremo está a ameaçar vidas e meios de subsistência em todo o mundo",
disse o administrador da NASA, Bill Nelson.Para Bill Nelson, “os impactos das alterações climáticas são uma ameaça para o planeta e para as gerações futuras”.A
NASA reúne o seu registo de temperaturas, conhecido como GISTEMP, a
partir de dados de temperatura do ar à superfície adquiridos por dezenas
de milhares de estações meteorológicas, bem como de dados de
temperatura da superfície do mar provenientes de instrumentos baseados
em navios e boias. Estes dados em bruto
são analisados através de métodos que têm em conta o espaçamento variado
das estações de temperatura em todo o mundo e os efeitos do aquecimento
urbano que podem distorcer os cálculos.O
cientista climático da NASA Josh Willis sublinhou que as temperaturas
excecionalmente elevadas da superfície do mar, alimentadas em parte pelo
regresso do El Niño, foram em grande parte responsáveis pelo calor
recorde deste verão.As observações e
análises científicas efetuadas ao longo de décadas pela NASA, pela
Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) e por outras
instituições internacionais mostraram que este aquecimento tem sido
impulsionado principalmente pelas emissões de gases com efeito de estufa
de origem humana. Simultaneamente, os
fenómenos naturais do El Niño no Pacífico injetam calor adicional na
atmosfera global e estão frequentemente relacionados com os anos mais
quentes de que há registo."Com o
aquecimento de fundo e as ondas de calor marítimas que se têm vindo a
acumular há décadas, este El Niño fez-nos bater todos os recordes",
afirmou Willis, realçando que “as ondas de calor que se registam agora
são mais longas, mais quentes e mais violentas”, além de que a atmosfera
também “pode reter mais água e, quando está quente e húmida, é ainda
mais difícil para o corpo humano regular a sua temperatura".Vários cientistas estimam que os maiores impactos do El Niño possam acontecer em fevereiro, março e abril de 2024. "Infelizmente,
as alterações climáticas estão a acontecer. Coisas que dissemos que
iriam acontecer estão a acontecer. E vai piorar se continuarmos a emitir
dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa para a nossa
atmosfera", disse Gavin Schmidt, cientista climático e diretor do
Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA.