Ventura diz que “há factos perturbadores” mas Arruda não é incómodo para o Chega
24 de jan. de 2025, 09:42
— Lusa/AO Online
"Não, incómodo seria nós
lidarmos mal com uma questão que mete justiça, que mete polícia, que
mete ética e transparência. Nós lidámos bem, tomámos a decisão certa,
mesmo que isso cause transtornos pessoais, mostrámos que somos de uma
fibra diferente de todos os outros partidos", defendeu.André
Ventura falava aos jornalistas após ter estado reunido durante cerca de
meia hora com o deputado Miguel Arruda, suspeito de furtar malas no
aeroporto. O parlamentar, que foi cabeça de lista do Chega pelos Açores,
decidiu passar a deputado não inscrito, mantendo o lugar na Assembleia
da República.Ventura disse que as
explicações dadas por Miguel Arruda "não são esclarecedoras", reiterando
que, para continuar vinculado ao Chega, o deputado teria de suspender
ou renunciar ao mandato.O presidente do
partido indicou que transmitiu a Miguel Arruda que, "perante estas
circunstâncias", não poderia "permitir que continuasse no
grupo parlamentar"."Há factos que não são
uma questão da vossa interpretação, é uma questão do que nos entra pela
casa. [...] Ora, há factos aqui que são perturbadores, que é o facto de
haver imagens de vigilância com três malas a entrar e uma a sair",
afirmou, considerando que "é bom que haja uma explicação muito razoável
para isto"."Se as malas eram dele, que eu
acredito que possam ser eventualmente algumas malas dele, a PSP
certamente não se teria mobilizado para ir numa operação policial a casa
para procurar descobrir essas malas", referiu André Ventura. Ainda assim, não quis diretamente dizer que não acredita que Miguel Arruda seja inocente."Eu
guardo para mim essa posição, mas sei em que é que o partido acredita, o
partido acredita que à justiça o que é da justiça, à política o que é
da política, o partido acredita que não pode haver processos a decorrer
com evidências deste tipo com a manutenção do mandato do deputado na
Assembleia da República", afirmou.André
Ventura salientou que "os deputados do Chega têm que dar um exemplo de
transparência e de integridade" e afirmou que, "perante uma situação em
que tem que tomar uma decisão de ética e de transparência, o Chega, ao
contrário dos outros partidos, não vacilou"."Não
mantemos aqui situações permanentes de dúvida e de suspeita",
argumentou. No entanto, o deputado vai continuar no parlamento, apesar
de já não integrar o Grupo Parlamentar do Chega. Ventura demarcou-se
dessa situação: "isso já não é uma questão do Chega".O presidente do Chega avisou também Miguel Arruda que poderia ser alvo de uma ação disciplinar a nível interno do partido."Não diria que eu o obriguei a desfiliar-se, mas transmiti que teria que haveria consequências", disse.Apesar
de antes da reunião ter transmitido que pretendia manter-se vinculado
ao partido, à saída anunciou que deixará de ser militante do Chega.Com a passagem de Miguel Arruda a deputado não inscrito, o Grupo Parlamentar do Chega passa de 50 para 49 deputados.