No
arranque do debate parlamentar na generalidade da proposta do Governo
de Orçamento de Estado para 2022, André Ventura considerou que os vários
orçamentos apresentados pelo Governo de António Costa desde 2015 “foram
todos maus, mas este consegue ser o pior deles todos”. Atribuindo
a responsabilidade político “única” a António Costa pelo impasse em que
se encontram atualmente as negociações do Orçamento do Estado – PCP e
Bloco de Esquerda anunciaram que irão votar contra, determinando o
chumbo da proposta na votação de quarta-feira –, André Ventura salientou
que o primeiro-ministro “confiou em quem não devia ter confiado, olhou
para os sinais económicos e não percebeu o desastre a caminho do qual
ia”. O
deputado único do Chega elencou assim as diferentes áreas onde considera
que o Orçamento do Estado é pouco robusto – como a educação, o combate à
corrupção ou a saúde -, para referir que, no que se refere ao
investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS), o Governo “quer
convencer o Bloco de Esquerda (BE) de que vai pôr 900 milhões no SNS”,
quando tanto poderia prometer “700, 900, um milhão, como vinte, porque
não vai pôr nada disso”, “vai continuar a cativar atrás de cativar, como
tem feito ao longo dos últimos seis anos”. “E o BE, como o PCP, podem enganar-se uma vez, duas, três, quatro, cinco, seis, não se enganarão certamente a sétima”, apontou. André
Ventura defendeu assim que, mesmo que o BE viabilize o Orçamento do
Estado, a “maioria parlamentar conheceu hoje o seu dia fúnebre”. “Senhor
primeiro-ministro, a responsabilidade do que vai acontecer amanhã
[quarta-feira] será sua ou da cumplicidade do Bloco de Esquerda, mas há
uma coisa que lhe quero dizer: aconteça o que acontecer amanhã, o seu
Governo acabou e não passarão muitos meses até que os portugueses possam
escolher outro Governo”, apontou. Em resposta, António Costa salientou que, contrariamente ao avançado por Ventura, “há vários anos que não cativações no SNS”. Além
disso, o primeiro-ministro salientou achar “comovente” que André
Ventura tenha superado “em alegria”, face à perspetiva de chumbo da
proposta de Orçamento do Estado, tanto o líder do PSD, Rui Rio, como o
líder da bancada parlamentar do CDS, Telmo Correia. Segundo
Costa, a alegria de Ventura mostra “como será um erro enorme chumbar
este orçamento, porque a razão pela qual a sua alegria consegue bater a
do PSD e a do CDS é porque, apesar de tudo, eles já têm experiência de
ir a eleições, ganhar e ser Governo”. “Agora,
vossa excelência o que ambiciona é fazer da República o que conseguir
fazer na região autónoma dos Açores [o Chega viabilizou o Governo
social-democrata nos Açores no seguimento das eleições legislativas
regionais dos Açores em 2020]. E é essa alegria que não consegue
esconder na ânsia que tem de chegar ao poder, custe o que custar. Espero
que não chegue”, avançou.