Autor: Lusa/AO Online
"O que nós não compreendemos é que a comunidade cigana sempre esteja tão pronta para ser aplaudida por este parlamento", afirmou Ventura, lamentando não ver notícias de "que os ciganos agrediram a GNR no Alentejo ou os bombeiros".
E defendeu que "esta capacidade de dizer que sim à comunidade cigana tem que acabar em Portugal", argumentando que "as minorias não devem ser confrontadas, mas também não podem ser apaparicadas ao ponto de ignorarem que têm que ter os mesmos deveres que todos os portugueses".
André Ventura alegou que "há um cigano fugido noutro país depois de ter morto um PSP e que o patriarca da comunidade cigana diz que no seu modo, no seu tempo o entregará à justiça".
E falou num "paraíso de impunidade", manifestando o seu "respeito pelo agente da PSP que morreu às mãos deste homem".
Neste momento, o presidente da Assembleia da República interrompeu o deputado do Chega para lhe lembrar que "não há atribuições coletivas de culpa em Portugal", tendo sido aplaudido por todo o hemiciclo à exceção da bancada do Chega, com a esquerda e alguns deputados da direita de pé.
"Solicito-lhe que continue livremente a sua intervenção, como é seu direito, respeitando este princípio", acrescentou Augusto Santos Silva.
Ao retomar a intervenção, no púlpito do hemiciclo, André Ventura disse não aceitar "que nenhum outro deputado ou presidente da Assembleia limite" a sua intervenção, o que motivou também um aplauso por parte da sua bancada.
"Eu vou continuar a usar a expressão 'ciganos' sempre que tiver que usar e o senhor presidente, no seu direito, sancionará quando tiver que sancionar, sabendo que eu nunca deixarei de dizer aquilo em que acredito, em que milhões de portugueses acreditam", justificou.
Antes, a intervenção do presidente do Chega já tinha motivado comentários audíveis por parte de outras bancadas, quando Ventura disse que “os partidos políticos não pagam IMI” e “os partidos não pagam impostos”.
Depois de ter sido interrompido, André Ventura criticou o Governo por querer "resolver os grandes problemas demográficos" abrindo "as portas para todo o tipo de imigração".
O deputado do Chega, partido que apresentou uma moção de rejeição ao Programa do XXIII Governo Constitucional, defendeu que o executivo e seu programa "devem ser rejeitados por ineficácia", por "incapacidade de responder aos problemas da população" e porque este não é "o elenco de ministros que era preciso para Portugal".
Este Governo "será incapaz de nos levar a bom porto em tempos de crise profunda", defendeu.
E dirigiu-se ao PSD e à IL sustando que é "preciso clarificar quem está do lado onde esteve o BE e o PCP" e quem quer "ser verdadeiramente oposição".
Falando diretamente para o presidente do PSD, Rui Rio, o deputado do Chega desafiou se os dois partidos vão "conseguir criar uma alternativa à direita ao PS ou se é o Chega sozinho que terá de fazer oposição ao PS", mas não teve resposta por parte do líder social-democrata que subiu à tribuna logo a seguir.
Na sua intervenção, Ventura falou ainda nas forças policiais para criticar que “continuam com subsídios de risco que envergonham”, no que toca ao preço dos combustíveis considerou que o executivo poderia “fazer muito mais e muito melhor” e lamentou o que considerou ser uma situação de "caos na saúde".