Ventura advertido por Santos Silva após comparar país a "casa de alterne"
Estado da Nação
20 de jul. de 2023, 16:56
— Lusa
Num
primeiro pedido de esclarecimento durante o debate sobre o estado da
nação, que decorre esta tarde na Assembleia da República, o presidente
do Chega abordou a recente operação liderada pela Política Judiciária
para pôr fim a uma alegada rede de imigração ilegal e criticou os
critérios de entrada de estrangeiros no país.André
Ventura considerou que estas pessoas se aproveitaram do “registo
automático, que é uma burla, é um engano, é transformar isto numa
bandalheira, em que qualquer pessoa entra, se regista e depois anda pela
Europa a dizer que tem um pré-contrato de trabalho”.Na
sua intervenção, o deputado disse também que Portugal é “o décimo país
que pior paga da União Europeia” e considerou que este é o estado da
nação a que o primeiro-ministro conduziu o país.“Queremos
fazer do país, não este país de salários baixos, mas um país que fosse a
melhor casa de família da Europa. O senhor primeiro-ministro quer fazer
deste país a maior casa de alterne da Europa, é isso que quer fazer de
Portugal”, acusou.Esta expressão valeu-lhe
uma advertência por parte do presidente da Assembleia da República,
Augusto Santos Silva, que considerou ser “absolutamente excessiva num
parlamento”.Na resposta, o
primeiro-ministro classificou a intervenção de André Ventura “como a
ilustração daquilo que qualificou como a degradação da democracia” e
disse ter dificuldade em encontrar “algum ponto concreto de resposta”.António
Costa não se referiu à questão da imigração mas, quanto às
remunerações, apontou que “ninguém discute” que “Portugal é um pais que
tem salários baixos”, já “nem sequer as confederações patronais”.“E
por isso nós fixámos como meta e objetivo desta legislatura chegarmos
ao fim da legislatura com um peso dos salários no PIB idêntico ao da
média europeia, ou seja, subir de 43% onde estávamos em 2021 para 48% no
final desta legislatura”, salientou, indicando que o Governo está tem
prosseguido este objetivo.O chefe do
Governo assinalou que o salário mínimo nacional e os salários da função
pública tem vindo têm vindo a subir e assim vão continuar, deixando uma
garantia: “Connosco não haverá corte nem congelamento de salários”.No
seu pedido de esclarecimento após a abertura do debate por parte do
primeiro-ministro, André Ventura abordou vários temas, entre os quais a
comissão de inquérito da TAP, sugerindo ter sido o primeiro-ministro a
escrever o relatório.O líder do Chega
afirmou referiu também que o Governo “perdeu 13 ministros e secretários
de Estado no último ano”, considerando que este debate acontece no
“momento mais degradado da vida pública dos últimos anos”.Ventura
questionou a permanência no Governo do ministro dos Negócios
Estrangeiros e referiu-se ao ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno
Santos, que é agora deputado do PS, afirmando que “propôs um aeroporto
ao país”, mas “afinal era uma treta, não havia aeroporto nenhum”.“Os
outros é melhor nem falarmos como saíram, porque tem sido com
obstinação atrás de obstinação, degradação atrás de degradação, suspeita
atrás de suspeita, casos atrás de acasos e o senhor primeiro-ministro
vem falar da transformação energética e da luta às alterações
climáticas. A luta que nós temos de travar é a este Governo”, salientou.Na
resposta, o primeiro-ministro agradeceu “a solidariedade” de Ventura
para com “os 13 membros do Governo que cessaram funções”.“Sempre
que eu venho cá o senhor deputado pede a demissão de mais um membro do
Governo e eu sugeria que meditasse bem, porque a atender ao que se lê na
imprensa, os dois ministros que saíram do meu Governo, com muita pena
minha, [Pedro Nuno Santos e Marta Temido] estão agora muito mais
populares do que eram quando eram membros do Governo. Por isso não
estrague a sua vida promovendo que haja mais ex-membros do Governo”,
salientou.Sobre o Serviço Nacional de
Saúde (SNS), Ventura considerou que está “absolutamente ligado à
máquina” e sustentou que “as listas de espera subiram 11% num ano” e os
“utentes sem médicos de família subiram 249% em quatro anos”.António
Costa contrapôs, realçando que foram realizadas, até maio, mais 5,4% de
consultas do que em igual período do ano passado e mais 11,1% de
cirurgias, sustentando que “o SNS está a produzir mais”.